quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Sobrevivência?

A vida flui por motivos que lhe são inerentes, embora desconhecidos. A luta pela sobrevivência é, pois, natural. Entretanto, como o ser humano tem algum potencial racional, embora seja movido pela emoção, há que se perguntar: - sobreviver para quê?

De fato, como sabemos, não há sobrevivência no mundo relativo. Talvez a da espécie, e nem mesmo isso. Sabemos que as espécies também são extintas. No campo da economia, disse Keynes: - a longo prazo todos estaremos mortos.

Assim, nada mais racional do que aceitar que, na Terra, a sobrevivência, a longo prazo, é impossível. Resta-nos, então, questionar se sobrevivemos a esta vida. Os ateus dizem que não. Mas essa crença é muito simplória. Se ela corresponder à verdade não há o que temer, mas, também, não há por que lutar.

Fico, pois, com os grandes sábios: - a vida é imortal. E, a partir dai é que a conversa realmente começa. Paro por aqui.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Quando a inclusão não é social

A Visão Mundial Brasil tem um belo programa de inclusão social. Entretanto, há alguns anos fui contatato por um dos seus gerentes para opinar sobre um grande problema. Alguns dos incluídos financeiramente haviam piorado a vida de suas famílias. Preferiam gastar o dinheiro com jogos e amantes, ou até arranjar família nova. Não pude dedicar-me ao tema o suficiente para dar uma opinião válida sobre o assunto.

Recentemente tenho tido notíciais de que a bolsa família também está trazendo alguns problemas. Famílias inteiras estariam deixando de trabalhar, contentando-se com o pouco que lhes é garantido pelo governo. Assim, exterminam o próprio futuro, tornando-se dependentes perenes de ajuda. Contudo, ainda pergunto: - isso é tão mal assim? Não seria bem pior se, empreendendo, essas famílias tornassem-se ricas sem a devida educação para a sustentabilidade?

Noutro caso o incluído fez curso superior numa universidade de elite, aprendeu a ganhar dinheiro como profissional competente e tudo ia muito bem até que demonstrou sua insensibilidade. Recusou-se a cuidar da própria mãe idosa, em nome da qual recebera, de um parente, a ajuda para ser incluído socialmente. Seu argumento: - se ajudar minha mãe posso ser excluído socialmente por falta de dinheiro.

Estejamos, pois, atentos. Muitas vezes a inclusão é tudo, menos social.

sábado, 19 de dezembro de 2009

O método

Método é o caminho para se atingir a meta. Entretanto, muitas vezes tanto o caminho como a meta são desconhecidos. Mas o homem tem, dentro de si, meios para estabelecer metas e descobrir o caminho para atingi-las. Há que se pensar, então, num método dos métodos, capaz de conduzir o ser humano para realizar o seu potencial de realização pessoal e de transformação do meio em que vive.

De acordo com Karl Popper, respeitado epistemólogo do Século XX, esse método universal que, diga-se de passagem, não garante o sucesso, consiste no uso crítico da razão. Isso implica liberdade para pensar, observar, compartilhar ideias, levantar hipóteses, experimentá-las e eliminar os erros cometidos. Einstein esclareceu que usava um método dessa natureza.

Para colocar tal método em ação é necessário acionar o senso crítico. Há necessidade de disposição para aprender, seja imitando, aperfeiçoando ou rompendo com o existente. O ciclo a ser seguido é duplo: primeiro, desenvolve-se a solução; em seguida, ela deve ser sistematizada para uso em casos semelhantes. Nos casos de atividades repetitivas, dada a solução, basta agora seguir o caminho traçado e compartilhá-lo com o próximo.

Nos casos de descobertas casuais felizes, embora nem sempre se possa reconstruir o caminho e transformá-lo num método, é preciso pelo menos tentar rememorar as condições vigentes que levaram a tal descoberta. Isto poderá despertar a atenção para novas possibilidades futuras.

Vejamos, por exemplo, as condições genéricas para se terem boas ideias sobre qualquer assunto. Em primeiro lugar a pessoa precisa, ao longo da vida, acumular experiências, observações, contatos e leituras. Isso permite acumular uma bagagem a ser mobilizada em situações particulares. Por sua vez, ao se resolverem problemas particulares, fazem-se pesquisas específicas para a solução do problema em foco. Feitos os esforços pertinentes, muitas vezes as ideias só se manifestam em situações tais como: cavalgando, caminhando, dormindo, ou na intimidade do banheiro. Deve-se, então, ficar atento a tais situações.

Acredito que o método geral é inerente ao ser humano, mas precisa ser explicitado num formato de fácil compreensão para efeito de coordenção de esforços. Sua prática exige disciplina, exatamente pelo fato de, ao ser explicitado, parecer óbvio e, assim, tirar o incentivo à sua prática.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Essência e existência

Existimos na Terra. Mas nossa essência não é da Terra. Na Terra dependemos das condições de existência vigentes. A matéria dá-nos a estrutura do corpo e a massa muscular, mas nosso ser essencial depende da luz que vem de fora da Terra.

A importância dos ingredientes presentes no organismo humano pode ser vista pelo que acontece com a falta de cada um deles: pode-se viver até cerca de 45 dias sem comer; até cerca de três dias sem água, e até cerca de 10 minutos sem oxigênio. Contudo, vive-se vegetativamente, como morto-vivo, sem a luz da razão espiritual.

Os idealistas puros levam em conta o nosso ser ideal, que é pura luz. Os materialistas grosseiros levam em conta nossa base material, que é apenas um suporte do ser na Terra. Os materialistas dialéticos afirmam que a consciência de ser deriva do processo existencial na Terra.

Os sábios e santos teo-orientados afirmam que o ser é eterno e que o existente é passageiro. Sob essa perspectiva, o primeiro homem foi feito do pó da Terra e recebeu o sopro divino. Esse homem, optando pela busca do conhecimento absoluto, usando a razão, tornou-se presa da existência relativa e perdeu o contato com sua essência absoluta.

À essência só se chega pela fé (Einstein). A existência só se sustenta pela ação (Marx). A vida na Terra exige interação entre o ideal e o material, mas a meta final é a vida com Deus (Jesus Cristo). O pensamento, o sentimento e a ação estão internectados, e o conhecimento absoluto deve ceder lugar ao conhecimento prático (dialética materialista, capitalista ou marxista). Entre ambos fica a especulação teológica, seja anti-científica ou ateia prática.

Segundo o Cristianismo (minha visão de mundo), o primeiro homem, Adão, perdeu-se na existência relativa. Um novo homem foi enviado ao mundo para restaurar a esperança na eternidade da essência. A essência, Cristo - a Luz, o Verbo - encarnou-se na forma do existente na Terra, Jesus. Jesus Cristo tornou-se o novo modelo para o homem perfectível. Nele se concretiza o absurdo sob o ponto de vista da razão pura. Ele foi homem que, por definição, é falível. Mas tinha a mesma substância de Deus que, por definição, é infalível.

Jesus esteve no mundo. Cristo é eterno. O homem adâmico existe no mundo relativo. Cristo existe no mundo absoluto da essência. Todo homem, em Cristo, tem a essência dentro de si. Quando o Adão que há em si deixar de existir, sua essência desabrochará em pura luz, se tiver feito opção pela Verdade.

Mas, é preciso viver na Terra mesmo que o mistério não tenha sido desvendado. Assim, é conveniente buscar o caminho do meio em tudo (Buda e Aristóteles). Mas sempre visando à vida com Deus, pela fé que se concretiza na prática (Jesus Cristo). Pode-se chegar à paz pela prática da virtude (Platão), ou pela fé e as virtudes dela decorrentes (Paulo, interpretando Jesus Cristo); porém, a fé sem prática é morta (Tiago).

Assim, é preciso caminhar pela fé, praticando as virtudes dela decorrentes; ou, buscando as virtudes pela prática, ir de encontro à verdade durante a caminhada. Sob esse ponto de vista, não há diferença entre o ateu e o crente, desde que ambos estejam buscando a verdade. Uns dizem: acredito, mas não praticam a Palavra. Outros dizem: não acredito, mas praticam o que pressupõe a Palavra.

Pode-se dizer, então que: 1) na Terra, para quem não tem fé na essência, a existência cria a essência; 2) para o homem de fé prática, a essência dirigi-lhe a existência. Ambos, em cada momento, só caminham pela fé, seja ela religiosa ou não. Aquele que diz que tem fé e não pratica as obras da fé, pode tornar-se inoperante ou destrutivo. Aquele que se comporta como totalmente isento de fé - existe esse tipo? -, pode tornar-se igualmente inoperante ou destrutivo.

Sob a perspectiva Cristã (que defendo), é preciso usar a razão, mas condicionando-a à prática. E isso exige que se caminhe com fé, amor e esperança, o que implica viver na loucura de Jesus Cristo, aceitando os mistérios do conhecimento imperfeito. Nada disso pode ser tido como escândalo se levarmos em consideração que aceitamos, com naturalidade, conceitos e convenções tais como: número pi, raiz quadrada de dois, raiz de menos 1, entre outros mistérios da matemática.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A dialética do fazendeiro

Para se viver (bem) dos frutos da fazenda, é preciso ser muito perseverante, fisicamente resistente e mentalmente ágil; e isso só se aprende na prática. Adriano, meu amigo de Guanhães, demonstrou-me essas qualidades. Ele herdou, mas sabe conservar e aumentar. Educa seus filhos da forma como foi educado, mas sabe ser flexível. Transcrevo abaixo, com alguns ajustes, parte de suas reflexões feitas no nosso último encontro.

A coisa está ruim, mas está boa. O Brasil tem quinhentos anos, mas tudo mudou rápido demais nos últimos quinze anos (escrevo em 2003). Coisas demais para pessoas humildes e despreparadas para o grande jogo da competição. As máquinas chegaram para tornar tudo mais fácil, mas criaram a exclusão pela eliminação da necessidade de mão-de-obra. Os que foram eliminados têm filhos para cuidar, vontades para satisfazer. Devem morrer de fome? Devem passar vontades? Devem tomar aquilo de que precisam?

Eu posso estar certo, eu posso estar errado. Em algumas coisas sei que estou certo, em outras eu, talvez, esteja errado. Mas naquilo que estou certo, estou certo, e não abro mão, exceto se estiver errado. Procuro ensinar meus filhos com uma calculadora na mão, como meu pai fez comigo. É difícil educar os filhos. Eles dizem “eu quero, e quero, quero e quero”. Mas é preciso dizer para eles: - Não posso dar o que você quer. A vida é dura. Na ponta do lápis, só me sobra isso por mês para cuidar de tudo.

Digo aos que não têm tempo para ir à missa: - Você tem de ir à missa, porque ainda depende de mim, e eu exijo isso de você. O dia tem 24 horas e a semana tem sete dias, portanto, você tem que tirar uma hora, no mínimo, para agradecer à Deus por tudo que ele fez por você, por meu intermédio. Não peça nada, apenas agradeça. Nós não criamos este mundo, portanto, devemos agradecer ao Criador.

Sobre política, Adriano afirmou: - Se cada município for bem administrado, fica mais fácil para os governos estadual e federal fazerem os seus papéis. Tudo começa no pequeno, e é no município que os problemas do município devem ser resolvidos. Não se pode dizer que o povo escolhe mal seus representantes, pois cada um vota naquele que, mediante sua capacidade de julgamento, é o melhor. O povo pode errar, mas não erra por querer. Então, o povo não pode ser acusado de não saber escolher; precisa ser educado para escolher, com o tempo. Eu posso estar errado, pois não tenho cultura, mas assim vejo, e assim diz a minha experiência.

Resumindo, disse Adriano: - Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca termine. Deve haver uma solução. Mas ela passa pelo controle da vontade. É preciso educar a moçada nova, que quer tudo. “Quero, quero e quero...”. Com certeza não chegaremos a bom destino se quisermos tudo, enquanto o outro não tem nada. Só Deus mesmo para resolver essa confusão. Disso tenho certeza, e não aceito negação, arrematou com a sua dialética do bom senso.

Creio que o Adriano, não sendo santo nem formalmente instruído, demonstrou grande sabedoria em suas colocações, aprendidas na Universidade da Vida. Algumas de suas práticas, embora não todas, constituem a base da criação da riqueza material e moral. Há muito o que aprender com pessoas como ele!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Os Cinco Sensos da Sustentabilidade

Eis os Cinco Sensos da Sustentabilidade, em anologia com o Programa 5S, que devem ser desenvolvidos nas pessoas:

Senso de Utilização
Visando ao estabelecimento da responsabilidade pela utilização responsável dos recursos materiais e humanos disponíveis.

Senso de Ordenação
Visando a ordenar meios para se atingirem fins, com o mínimo de esforço e o máximo de resultados.

Senso de Limpeza e Transparência
Visando a criar e manter ambientes físicos e sociais limpos e agradáveis para se divertir e trabalhar.

Senso de Saúde e Segurança
É o grande resultado esperado da ação racional humana.

Senso de Autodisciplina
É o motor da ação consciente. Seu ponto de partida é a disciplina imposta por necessidade, mas sempre visando à autonomia que só se consegue com a autodisciplina.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O covarde, o corajoso e o tolo

O covarde viu a oportunidade mas, de medo, não tentou aproveitá-la. Passou a informação ao corajoso que investigou a situação, investiu, correu os riscos pertinentes e ficou rico. Ao ver os resultados finais, o covarde foi reivindicar a sua parte, pois fora ele quem detectara a oportunidade. O corajoso deu-lhe algumas migalhas apenas. O tolo, ouvindo a história, começou a prestar atenção à sua volta. Pensou estar diante de um oportunidade, investiu tudo que tinha sem investigar o potencial do negócio e perdeu tudo.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O propósito da vida

Para a criança, o propósito da vida é viver. Esse propósito se impõe automaticamente, pois a criança só quer e só sabe viver. Ela tem o impulso de vida e o instinto de sugar tudo ao seu redor para manter-se viva, mas não tem domínio próprio para viver com autonomia. A criança precisa crescer.

Com o tempo percebe-se que só é possível viver, verdadeiramente, se há autocontrole. E isso implica conhecer a si mesmo, ao outro e à natureza. Tais conhecimentos podem ser adquiridos ao longo da vida, um pouco de cada vez. Então, fica parecendo que o verdadeiro propósito da vida é conhecer. E, para conhecer, é preciso experimentar.

Quando vem a maturidade, percebe-se que o tempo de vida não é suficiente para experimentar tudo, e que é preciso, além de aceitar a experiência alheia, aceitar a ignorância como uma realidade inexorável. E isso pode gerar desespero.

O conhecimento profundo, por outro lado, embora deva ser buscado em meio à experiência, não vem diretamente da experiência, nem da lógica, embora ambos sejam parte essencial da vida racional. O conhecimento profundo vem da intuição - que alguns místicos chamariam de revelação -. A intuição, por sua vez, só acontece com quem tem experiência, reflete sobre ela e dedica parte do seu tempo ao ócio criativo.

A mais alta intuição nos leva à ideia de Deus, embora os ateus discordem disso, em parte por causa dos maus exemplos da religião formal. Mas, pelo que se sabe, Deus não é um objeto do conhecimento humano. A Ele só se pode conhecer indiretamente, por meio da paz de espírito infundida pela Sua presença invisível. A paz que vem de Deus, se não vivenciada diretamente, pode ser percebida na vida dos santos e sábios. Ler sobre eles é um bom exercício.

Embora a vida seja permeada por guerra e paz, amor e ódio, entre outras emoções, o seu propósito é descobrir, e então viver na suprema paz do amor de Deus. Isso é viável, embora seja difícil, pois, se a paz de Deus está em todo lugar, ela está, também, dentro do homem. Ela é o verdadeiro tesouro à espera de ser encontrado e usufruído.

Se compreendermos isso, podemos dar à riqueza material o seu devido valor, nem mais nem menos e, assim, transformar tudo ao nosso redor. Pode-se começar limpando e deixando de sujar o ambiente físico e social em torno de nós.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Aprender a aprender

Em nossas vidas sempre precisaremos aprender isso ou aquilo para sobreviver, ou por simples prazer. Sendo as oportunidades de aprendizagem infinitas, não seria viável aprender tudo como especialista, muito menos por meio de cursos. Assim, é preciso aprender a aprender.

Para dominar essa arte, devemos ter um visão muito pragmática do método geral que nos permite aprender qualquer coisa. Minhas reflexões e pesquisas sobre o assunto, levando em conta o que pude pesquisar sobre filosofia, ciência, tecnologia e negócios, apontam para uma sequência universal que, em grandes linhas, é a seguinte: absorver o existente, melhorar o existente e romper com o existente.

Isso é feito pela combinação das faculdades humanas fundamentais do pensar, do sentir, do agir e do comunicar-se, consigo mesmo e com o outro. É necessário, ainda, observar e experimentar para se tirarem conclusões. O exercício consciente dessas faculdades torna-nos estragetistas capazes de analisar e intuir, essa última faculdade sendo uma ingração das demais.

Assim, é preciso aprender fazendo e refletindo. Mas tendo em vista evoluir partindo das situações mais simples para as mais complexas. Eis a habilidade fundamental para desenvolver o potencial humano, individual e coletivamente.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Analogia do homem com a bolha de ar

Assim como Tiago afirmou que a vida é como o vapor que sopra e se esvai, ocorre-me fazer uma analogia entre o ser humano e a bolha de ar. Esta, em ambiente físico-químico apropriado, nasce, cresce e desaparece sem deixar vestígio.

Enquanto existente, as bolhas podem ter alguma utilidade: agregar partículas com características físico-químicas superficiais semelhantes, como ocorre no processo chamado "flotação".

O ar que infla a bolha, estoura-a. Talvez ele possa ser comparado ao orgulho humano. Assim, o homem-bolha existe por pouco tempo e se vai. Mas, conforme creio, sua essência é imortal.

Compreendendo a sua condição, o ser humano pode transformar a realidade ao seu redor visando a tornar a vida cada vez mais digna de ser vivida. O fato de ela ser fugaz não é um empecilho, mas um fator que aumenta a responsabilidade humana.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Aprender a eliminar erros

Segundo Karl Popper, o método em ciência consiste em aprender com a eliminação de erros. Ele também acreditava que toda a vida é um processo de solução de problemas. Adoto o seu ponto de visto.

Se nunca errássemos, nunca aprenderíamos, pois já teríamos nascido sabendo. Assim, é necesário estar atento para eliminar os erros cometidos e, em cada situação, tomar as providências necessárias para que os erros não se repitam.

Para que tal aconteça deve-se desenvolver um agudo senso de observação. As atividades repetitivas devem ser mapeadas e as soluções encontradas devem passar a fazer parte da rotina estabelecida. Sempre tendo em mente que a rotina pode ser aperfeiçoada.

Em função disso, ressalta-se a necessidade de aprender com a experiência alheia, pois não seria viável reviver todas as situações possíveis para aprender tudo, ignorando a experiência histórica. A esse respeito, torna-se importante reservar tempo para a análise da própria história do campo de atuação para evitar repetir os mesmos erros do passado.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Aprender a agir

Somos impelidos, por constituição, a agir: seja de forma reativa, seja de formma pró-ativa. Agimos pelo fato de pensarmos e de sentirmos. Agimos por impulso ou após analisarmos a situação. Agimos diretamente, ou indiretamente, por meio de nossos representantes ou por meio dos estímulos que emitimos.

O agir pode ser uma vivência, imposta pela situação, ou uma experimentação. Agimos por hábitos e costumes adquiridos com ou sem a intervenção de nosso senso crítico. Agimos sob o efeito de fortes emoções ou mediante planejamento conduzido com frieza. Só temos uma possibilidade de desculparmo-nos por nossos erros: a boa intenção.

Se pensarmos demais, não agimos. Se esperarmos sempre a isenção emocional, perdemos as oportunidades de ação. Assim como é preciso aprender a pensar e a sentir, é preciso aprender a agir. Em verdade, é preciso aprender a agir em sintonia com o pensar e o sentir, sob a coordenação da razão crítica.

domingo, 22 de novembro de 2009

O ser humano cresce resolvendo problemas

Abraham Maslow (1908-1970), o grande psicólogo humanista, afirmou que o homem cresce resolvendo problemas. Essa era, também, a perspectiva de Jean Piaget (1896-1980), assim como a de Karl Popper (1902-1994). Para concordar com esses grandes homens basta observar a realidade ao nosso redor. Se não tentamos, não resolvemos problemas. Se não resolvemos problemas, não crescemos.

Maslow foi mais específico: - o ser humano cresce resolvendo problemas em equipe. Entetanto, sabemos que, aparentemente, algumas pessoas não gostam de trabalhar em contato direto com equipes. Mesmo assim elas crescem resolvendo problemas usando a bagagem universal, por meio de consultas à literatura, observação direta ou com seus contatos informais com as pessoas, diretamente, ou em eventos.

Se considerarmos o crescimento desde o nascimento, tem-se o que Jean Piaget denominou de construtivismo. Isto é, ainda que as pessoas imitem umas às outras, todas elas, mesmo quando assimilam conhecimento que vem de foram, agem como construtoras do próprio conhecimento. Se isso é feito com supervisão inteligente, pode-se acelerar a sua autonomia na identificação e mobilzação dos recursos necessários para resolver problemas.

Essa perspectiva, captada de forma inteligente pelos japoneses, levou à formação dos CCQ's - Círculos de Controle da Qualdade - nas empresas. Assim, criaram um mecanismo para a solução de problemas em equipe de acordo com a natureza humana, útil para o crescimento das pessoas e das empresas. Acredito que a transferência dessa experiência para a sala de aula pode aumentar o prazer de aprender a aprender acelerando, assim, a capacitação do ser humano para viver na era conhecimento.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Aprender a sentir

Se podemos aprender a pensar, é preciso aprender a sentir, pois da interação entre o sentir e o pensar é que nasce a ideia do mundo a ser confirmada ou negada pela prática. Essa prática pode ser tanto uma vivência involuntária, ditada pelas condições inerentes à situação, ou experimento planejado.

A vida, conforme acredito, só se justifica pelo sentimento, pois até mesmo o pensamento mais puro contém em si sentimento. Ou não seríamos humanos. Mas ela não pode submeter-se a todo tipo de sentimento de forma passiva. Se considerarmos que a essência mais profunda do ser humano é como o oceano, os sentimentos que se manifestam na sua superfície são como tempestades e ondas. As descargas de sentimentos abalam a superfície e aqueles que nela vivem, mas não as profundezas do oceano.

Entretanto, há movimentos profundos que vêm de vulcões submersos. Eles são os mais difíceis de controlar, mesmo que, algumas vezes, nem cheguem à superfície. Sendo inevitáveis, não há como fugir deles, mas é preciso aprender a conviver com eles. Mesmo nessas situações extremas, para não desanimarmos, vale lembrar a sabedoria popular que diz: - não há mal que sempre dure, nem bem que nunca termine.

Sem aprender a sentir, ou a controlar o que sentimos, não podemos ter dignidade.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Aprender a pensar

Sob certo ponto de vista, ninguém precisa ser ensinado a pensar, pois essa é um faculdade que se impõe ao ser humano. Eu acreditava nisso até os 10 anos, quando aprendi a pensar de forma mais estruturada. Progressivamente, ampliei minha capacidade de pensar de forma conectada com a realidade, apesar de o desespero com a a condição humana ter aumentado quanto mais consciente me tornei.

Pensar é a coisa mais difícil do mundo, disse Henry Ford, devidamente ratificado por alguém que eu tentei estimular a estudar. A pessoa disse-me que pensar fazia sua cabeça doer. Contudo, apesar de não poder dizer que eu seja mais feliz do que essa pessoa, não troco a minha condição pela sua.

O aprender a pensar, hoje, não pode estar desconectado do ciclo da atividade racional produtiva. Mas é preciso deixar algum tempo para pensar sem conexão com a busca de resultados imediatos. Tenho conversado com professores universitários que, de tanto seguir as exigências que lhe são feitas, já não têm tempo para pensar. Tornaram-se escravos na profissão que deveria ser a mais nobre.

É preciso aprender a pensar tendo como foco a produção das condições que tornem a vida digna de ser vivida.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A autodisciplina como condição básica da liberdade

Entre os valores mais prezados pelo ser humano está a liberdade. Por ela mata-se ou morre-se. Na selva, ressalvadas as condições impostas pela natureza, o leão é o animal mais livre, pois não tem medo e pode transformar os demais animais em alimento. Mas na civilização humana a coisa é (deveria ser?) diferente.

O ser humano não pode ignorar o outro, nem a natureza. Sua liberdade pressupõe, portanto, conhecimento. Mas o conhecimento exige que se o busque com autodisciplina. Enquanto isso não acontece, não há liberdade. O ser indisciplinado não respeita e, como tal, precisa de um freio. Ele não economiza e, como tal, precisa ser submetido a restrições de recursos. Ele não cuida de sua saúde e, como tal, torna-se frágil no corpo e na alma.

A educação para a liberdade só é possível, pois, se for uma educação que promova a autodisciplina.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Produção, produtividade e qualidade

As pessoas querem qualidade significando uma vida melhor. Mas, para que todos usufruam de uma vida melhor, é preciso produzir cada vez mais com cada vez menos recursos, principalmente o tempo. Só então a produção em larga escala torna-se possível sem comprometer a saúde do trabalhador e do meio ambiente.

sábado, 7 de novembro de 2009

Sócrates, Platão e Aristóteles

Sócrates, Platão e Aristóteles. Eles estão na base da filosofia ocidental.

Com Sócrates, segundo penso, ainda hoje podemos aprender a arte de perguntar para aferir o grau de ignorância/conhecimento do interlocutor que reivindica sabedoria. Com ele aprende-se, ainda, a arte de ensinar colocando o aprendiz no centro da aprendizagem, como se já conhecesse tudo e precisasse apenas ser lembrado. Essa arte ele chamou de maiêutica. Ela foi usada pelos Estados Unidos, na década de 60, para revitalizar o ensino da física.

Destaco, de Platão, para uso atual, sua classificação dos graus do conhecimento. Ele procurou distinguir a opinião do saber. Para ele, o contato sensível com os objetivos gera resultados práticos, mas não gera conhecimento verdadeiro. O conhecimento iniciar-se-ia com o uso de relações matemáticas, tese que veio a ser defendida e praticada mais tarde por Galileu Galilei e Newton.

O conhecimento mais avançado, para Platão, só seria alcançado no mundo das ideias. O mundo ideal deveria, pois, ser articulado para imitar o mundo perfeito das ideias. Essa sua postura gerou muita confusão, inclusive o racionalismo dissociado da prática. Mas, não creio que a confusão gerada pode ser creditada inteiramente a Platão. Suas ideias a esse respeito, na minha opinião, estão na raiz do método científico de Einstein.

De Aristóteles, entre as suas muitas contribuições, ressalto que ele ultrapassou a mera especulação e dedicou-se à pesquisa direta da natureza. Em termos teóricos fundamentais, destaco o seu trio: potência, ato, movimento. A partir desse trio, pode-se dizer, por exemplo, que tudo que existiu, existe ou existirá, sempre existiu em potencial. Entretanto, somente pelo movimento, sob condições apropriadas, o que existe em potencial pode ser atualizado. Esse fundamento intuitivo pode, com moderação, ser usado para o debate sobre liberdade versus responsabilidade do ser humano.

A esse respeito poderíamos dizer, com Abraham Maslow, que todo ser humano, para atualizar o seu potencial, precisa ser submetido às condições que o levem a isso. Suas necessidades básicas devem ser satisfeitos durante o processo, e para que o preocesso de atualização se realize. As capacidades, como disse Maslow, clamam para ser usadas, e não cessam o seu clamor enquanto não forem completamente usadas.

É preciso revisitar as ideias centrais de Sócrates, Platão e Aristóteles se quisermos compreender e transformar o mundo com bom senso. Os erros que decorreram das interpretações dos mesmos, especialmente das interpretações de Platão e Aristóteles, são bem conhecidos, e podem ser eliminados. Assim, pode-se promover uma nova abordagem construtiva à realização do potencial humano, sobretudo se adotarmos uma visão racional crítica, como a propostra por Karl Popper.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O potencial de cada um

Cada pessoa foi criada como um ser único. Seu potencial está oculto e, para o observador externo, é indeterminado. Assim, só pode ser conhecido depois de realizado.

Ontem conheci uma senhora que se julga completamente feliz. Disse-me que tem tudo de que necessita: dormir bem e ter a conscência limpa. Quanto aos recursos materais, ela disse estar safisfeita com o que tem. Sua atividade principal: vender água de côco.

Ao mesmo tempo, alguém comentou que feliz mesmo deve ser o Eike Batista, pois conseguiu juntar bilhões de dálares só com a imaginação. Produzir mesmo, ainda não produz quase nada. Por outro lado, foi lembrado que ele está satisfeito apenas virtualmente, pois não há como consumir os recursos que tem.

Outro amigo lembrou-me da grandeza de Einstein, que descobriu fantásticos segredos do Universo. Fizemos uma lista de pessoas que realizaram grandes coisas sem sequer possuír diplomas do ensino fundamental. Outras que, estudando muito, conseguiram diplomas em instituições famosas, igualmente realizando grandes feitos.

Ficou claro que o potencial de cada está sempre em aberto, e que, a qualquer momento, seus feitos podem se mostrar fantásticos caso o ambiente seja apropriado. Mas, o grande potencial de felicidade não está ligado a grandes feitos. E isso dá sentido e esperança às pessoas comuns.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Felicidade e verdade

Certo filósofo foi desafiado a discursar sobre se a felicidade ou a verdade deveria vir em primeiro lugar nas precupações do homem. Alguns dos seus argumentos centrais são apresentados a seguir.

Todo ser humano busca, em última análise, a felicidade; tudo o mais a isso se subordina, disse o filósofo, evocando Aristóteles. Entretanto - ressaltou -, não se pode ignorar o brilhante argumento de Bertrand Russel a respeito. Ele defendeu que o sentimento de felicidade pode decorrer do desconhecimento da verdade, como é o caso do peru que, ingenuamente, sente-se muito feliz por ser bem cuidado até um dia antes da ceia de natal.

Conhecer a verdade, contudo, não está ao alcance do peru, pois sua natureza não é racional. Quanto ao ser humano - argumentou o filósofo -, se ele depositar a esperança de felicidade neste mundo, melhor seria viver iludido, como o peru, pois de nada adiantaria saber a verdade se ele não tiver como mudar o seu destino.

Se materialista dialético, a verdade poderia libertar o homem não sob a perspectiva individualista, mas sob a perspectiva da Humanidade. A realização do potencial da Humanidade traria a liberdade possível para muitos, desde que ouvesse desalienação do homem escravizado pelo homem, diretamente, ou por meio da cultura por ele mesmo criada. Assim, a verdade libertaria o homem da ilusão, trazendo, num primeiro momento, sofrimento. Mas, em seguida, travando a luta de vida ou morte, deixaria a possibilidade da felicidade para a Humanidade, num futuro remoto. E, até mesmo, a felicidade encontrada no ato de lutar pelo ideal vislumbrado pela razão.

Já o homem que acredita na sua transcendência, disse o filósofo, não se importaria muito com a felicidade aqui na Terra. Embora pudesse lutar por ela, sua busca última seria pela verdade final, depositária da felicidade eterna. Seu sofrimento aqui, seja ele escravo ou homem livre, é passageiro, assim como sua felicidade.

Conclusão: tanto a felicidade como a verdade podem ser tomadas como o objetivo principal do ser humano. Isso depende, em última análise, de sua fé: 1) se for natural, como a do peru, qualquer coisa serve; 2) se for na predestinação absoluta, qualquer coisa serve; 3) se for no materialismo dialético, vale a pena lutar pela Humanidade, ainda que com o sacrifício pessoal imediato; 4) se for na transcedência, pode-se combinar a busca da felicidade e da verdade nesta vida, mas com a certeza de que ambas só poderão ser plenamente encontradas na outra vida. Neste último caso, verdade e felicidade se equivalem.

domingo, 1 de novembro de 2009

Vencer ou vencer-se?

Há quem tenha paixão por vencer. E vence. Mas há quem tenha paixão por vencer-se. E raramente vence.

Para vencer-se é preciso autoconhecimento. Mas essa tarefa é gigantesca. Olhando para o interior de si mesmo, o ser humano percebe que seu inimigo está escondido e sempre à espreita: o seu inconsciente. Ele não pode ser combatido diretamente por atos de força. Sua sutileza exige sutileza ainda maior da razão.

Do interior do homem brotam as paixões violentas e sedentas de satisfação. O prazer decorrente da descarga emocional é intenso, embora passageiro e destruidor na sua passagem. Mas é esse prazer imediato que torna tão difícil o combate.

Vencer a si mesmo: eis o maior desafio!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A tarefa mais urgente

A tarefa mais urgente é aquela que está ao alcance de cada um: fazer, agora, aquilo que deve e pode ser feito, mas tendo sempre em vista o futuro.

Vejo o futuro como sendo de riqueza bem distribuída. As pessoas são bem formadas. Agem por iniciativa própria a partir do domínio do método científico adaptado às suas possibilidades de compreendê-lo. O cenário desse futuro combina beleza, verdade, justiça, fraternidade e liberdade.

As pessoas que vejo no futuro aprendem por toda a vida. Elas aprenderam a aprender, com alegria e entusiasmo. São as mesmas pessoas que posso ver no presente, exceto por terem sido direcionadas, desde o ventre, para a construção da sociedade sadia. Por isso, desde já, é preciso criar o ambiente para que atualizem os seus potenciais de transformação concreta da realidade a partir das condições existentes.

Só há um momento para corrigir o passado e construir o futuro: o tempo presente. Mas a tarefa só pode ser cumprida se houver o compartilhamento de uma missão de vida comum a todos os agentes sociais, com visão de futuro e valores compartilhados. Isso implica um ecumenismo social, mais que do que um ecumenismo religioso.

Quanto ao primeiro passo a ser dado, pode-se começar varrendo.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Amor Pacífico e Fecundo (poesia de Tagore)

Não quero amor
que não saiba dominar-se,
desse, como vinho espumante,
que parte o copo e se entorna,
perdido num instante.

Dá-me esse amor fresco e puro
como a tua chuva,
que abençoa a terra sequiosa,
e enche as talhas do lar.
Amor que penetre até ao centro da vida,
e dali se estenda como seiva invisível,
até aos ramos da árvore da existência,
e faça nascer
as flores e os frutos.
Dá-me esse amor
que conserva tranquilo o coração,
na plenitude da paz!

Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O Último Negócio (poesia de Tagore)

Certa manhã
ia eu pelo caminho pedregoso,
quando, de espada desembainhada,
chegou o Rei no seu carro.
Gritei:
— Vendo-me!
O Rei tomou-me pela mão e disse:
— Sou poderoso, posso comprar-te.
Mas de nada lhe serviu o seu poder
e voltou sem mim no seu carro.

As casas estavam fechadas
ao sol do meio dia,
e eu vagueava pelo beco tortuoso
quando um velho
com um saco de oiro às costas
me saiu ao encontro.
Hesitou um momento, e disse:
— Posso comprar-te.
Uma a uma contou as suas moedas.
Mas eu voltei-lhe as costas
e fui-me embora.

Anoitecia e a sebe do jardim
estava toda florida.
Uma gentil rapariga
apareceu diante de mim, e disse:
— Compro-te com o meu sorriso.
Mas o sorriso empalideceu
e apagou-se nas suas lágrimas.
E regressou outra vez à sombra,
sozinha.

O sol faiscava na areia
e as ondas do mar
quebravam-se caprichosamente.
Um menino estava sentado na praia
brincando com as conchas.
Levantou a cabeça
e, como se me conhecesse, disse:
— Posso comprar-te com nada.
Desde que fiz este negócio a brincar,
sou livre.

Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões

sábado, 24 de outubro de 2009

Embora a simples citação da palavra fé remeta-nos quase imediatamene à sua conotação religiosa, mesmo a sua definição a partir da Bíblia reporta-a ao seu aspecto universal, como se vê em Hebreus 11:1: "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem".

Einstein (veja-se o livro A Imaginação Científica, de Gerald Holton), ressaltou que a mais avançada ciência só é possível pela fé dos cientistas na existência daquilo que não veem, mas que, estando intensamente envolvidos na sua busca, lhes aparece como axioma cujas consequencias lógicas podem ser previstas e testadas por experimentos.

Os ateus, especialmente aqueles que são ativos contra a ideia de Deus (veja-se o livro Deus, um delírio, de Richard Dawkins), são também homens de fé: acreditam que não há Deus. Dawkins mostra-se realmente possuidor de um espírito científico nesse assunto, pois aceita o Deus de Einstein e, além disso, coloca-se no nível 6, numa escala de 1 a 7 de ateísmo.

No dia-a-dia, todo movimento dos seres vivos é alimentado por uma fé natural, inerente ao organismo. Só o homem pode ter uma fé sobrenatural, porém passível de comprovação pelas práticas decorrentes dessa fé. Quando sua fé não é referendada por sua prática, presume-se que ela seja apenas nominal, o que o torna um ateu prático ou um religioso teórico.

Sob uma perspectiva laica, a fé pode ser substituída por palavras que gerem menos efeitos emocionais, como confiança e autoconfiança, por exemplo. Nesse campo, mais uma vez, prevalece a semântica como facilitadora ou dificultadora da comunicação humana.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Teoria versus prática

A teoria e a prática são como irmãs siamesas. Sem teoria a prática torna-se uma ação caótica. Sem prática, a teoria de nada vale. A prática pressupõe uma teoria, mas a teoria, embora possa ter origem na intuição, só está ao alcance de quem reflete sobre, ou está em contato direto com a prática. Assim como o ovo e a galinha, não dá para dizer quem vem em primeiro lugar.

As boas teorias, referendadas pelas boas práticas, ao serem registradas, representam o conhecimento morto a alimentar o processo do conhecimento vivo. Em alguns casos esses registros ou são confusos ou foram feitos antes da consolidação da teoria e da prática. Se levados em consideração sem visão crítica, a informação falsa pode impedir o conhecimento produtivo do tema.

Ao perceber essa possibilidade, Galielu Galileu apontou o telescópio para a lua ignorando os conceitos prévios de que lá existiam dragões. Com isso ficou livre de fixar o erro decorrente de uma teoria que não havia passado pelo crivo da razão crítico-prática. Esse mesmo procedimento foi adotado por Newton e Einstein, com os respectivos resultados que conhecemos.

Quando se integram teoria e prática, pode-se dizer, com conviccão, que "não existe nada mais prático do que uma boa teoria". Por outro lado, ao resolver um problema, devem-se buscar as informações no local e tratá-las como se não houvesse nenhuma teoria para explicar a situação.

O conhecimento, sob a perspectiva acima, deve ser contruído e reconstruído o tempo todo, num processo dinâmico.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Vantagens e desvantagens da sistematização

Uma vida não sistematizada pode ser interessante. É assim que as crianças gostariam de viver, e tentam viver. Por outro lado, se a aprendizagem não for transmitida pela cultura, e cada ato ignorar o passado, o esforço pode ser muito grande e destrutivo das condiões da saúde física e mental.

Uma vida sistematizada a partir de um racionalismo crítico-prático, numa sociedade aberta, pode ser ainda melhor do que a vida não sistematizada, ou dogmaticamente sistematizada. Neste caso deve-se partir de um conceito mais geral, capaz de diagnosticar uma oportunidade e realizá-la, transformando-a num sistema pronto para a ação, sempre que a mesma situação se repetir.

A sistematização, em nível de país, deve visar a estabelecer as estruturas da criação e distribuição de riquezas automaticamente, sem que isso dependa da vontade mutante de cada geração, ou de líderes autocentrados. Porém, deve-se lembrar que a sistematização mal feita, por incompetência ou má fé, perpetua o erro.

Portanto, é preciso combinar liberdade com a disciplina da sistematização sob uma perspectiva científica. A sistematização deve ser fruto da ação racional, sempre que possível. A superação da sistematização estabelecida deve, idealmente, sujeitar-se a uma decisão advinda de um diagnóstico, o que leva à necessidade de dominar um metamodelo de criação de conhecimento.

Assim, a sistemação pode e deve estar sob o crivo de um racionalismo crítico-prático, numa combinação dinâmica entre teoria e prática. Entretanto, cada avanço em relação ao desconhecido é um ato de fé.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Fé e razão

A fé e a razão são como irmãs siamesas. Pela fé acredita-se naquilo que não se vê e, pela razão, caminha-se de forma crítica para se atingir um objetivo estabelecido.

A determinação do objetivo, por sua vez, é um ato de fé, cuja razoabilidade depende da experiência e da intuição.

A fé, quando se torna religião, pode perder a razão; porém, usando a razão, percebe-se que até mesmo a religião imperfeita pode ser compreendida como uma etapa importante no crescimento humano.

Se a fé gera a subserviência, a razão produz a rebelião necessária para evitar que a fé se torne estática e alinhada com a mentira.

A fé e a razão, portanto, são vitais ao crescimento humano, mas só a capacidade de amar pode consolidar esse crescimento.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Mãos à obra!

Refletir só não basta. É preciso entrar em ação. Limpar o que está sujo. Ouvir o outro sem julgamento de qualquer natureza. Ajudar quem está precisando de ajuda. Enfim, é preciso integrar o pensamento, o sentimento e a ação, de forma coletiva.

Quem estiver vivo que dê o primeiro passso!

domingo, 4 de outubro de 2009

O texto precisa ser interpretado?

Ontem tive acesso ao manual de um aparelho de som sofisticado. Não entendi nada, nem quis investir tempo para entender. Trata-se de algo absurdo, pois não facilita o uso do aparelho. A tentativa e erro funcionou melhor do que a leitura do manual.

Em seguida, por coincidência, li um livro sobre interpretação da Bíblia. O autor foi logo enumerando as muitas barreiras à interpretação correta. Ele assumiu, contudo, que é possível interpretar, desde que se tenha um doutorado em teologia exegética. Por outro lado, um amigo lembrou-me que, naquilo que é essencial, a Bíblia é completamente acessível às pessoas comuns, sem a necessidade de interpretação.

No caso do manual, há um índice de controle automático: se a interpretação não for correta o aparelho não funciona. No caso da Bíblia é muito mais complicado, pois o intérprete se exime de usar o critério da prática para testar o acerto de sua interpretação. Contudo, sua mensagem central está bem delineada no Novo Testamento: trata-se de se colocar o amor em prática e, quanto a isso, nenhuma interpretação adicional faz diferença.

Conclui que os textos que são escritos para serem interpretados precisam de uma introdução, ou de uma ordenação que, automaticamente, remeta o leitor aos pontos-chave. O critério para se julgar a efetividade do texto é a possibilidade de que alguém que saiba ler razoavelmente bem possa praticar e obter os resultados nele previstos. Aliás, é bom lembrar que uma imagem vale mais do que mil palavras, e que os textos podem trazer dificuldades insuperáveis se não levar isso em conta.

Os textos que exigem grande esforço de interpretação não são bons como materiais didáticos, a não ser que tenham sido programados para exercitar a mente. No que se refere à mensagem básica, não se pode criar dependência da leitura de manuais e de intérpretes especializados, ainda que os intérpretes e os manuais estejam à disposição.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ser e parecer

"Não basta que a mulher de César seja honesta. É preciso que ela pareça honesta", disse algum filósofo publicitário. "O Príncipe precisa parecer religioso para adquirir a confiança do povo, mas não deve sê-lo realmente", disse Maquiavel.

Algumas pessoas se preocupam mais com a imagem do que com a realidade. 'Status' é sua tara. Estudar na melhor universidade ou ter ligações com pessoas importantes é tido por mais valioso do que ser honesto.

No mercado, as empresas descobriram que um produto não precisa ser apenas bom. Precisa parecer bom. Mas, em algumas situações, gasta-se muito tempo para se criar uma imagem positiva sem a devida correspondência com a realidade.

Tentar parecer o que não se é, assim como crer numa coisa e praticar outra, gera tensões psíquicas chamadas genericamente de dissonância cognitiva. O mais sensato é alinhar o ser e o parecer tendo em vista uma vida saudável nos planos físico, intelectual e ético.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

O papel educador do trabalho

Segundo Platão, a vida nobre seria de natureza contemplativa. Mas isso exigiria aprender a filosofar. Seria necessário, ainda, que se alcançassem as quatro virtudes cardeais do caráter: justiça, temperança, coragem e sabedoria.

O desenvolvimento de tais virtudes, atualmente, exige uma vida social ativa, porém, principalmente, com foco no trabalho. É no trabalho que se aprende a cooperar, obrigatoriamente. Mas, essa cooperação deve trazer alegria aos trabalhadores associados para melhorar suas condições de vida.

No trabalho os instintos precisam ser temperados. Nele não há lugar para se fazer o que se quer, pois, além de respeitar o outro, é preciso respeitar o processo de produção. Às vezes, é preciso ter coragem de experimentar o novo, visando à obtenção de resultados melhores. Se o chefe extrapolar sua autoridade, cumpre enfrentá-lo corajosamente, mas com a astúcia necessária para educá-lo. Nisso a coragem se alia à sabedoria.

No trabalho é necessário ser parcimonioso no uso dos recursos disponíveis. A ordem deve ser pesquisada e praticada para se extrair o melhor das pessoas e do sistema de produção. A transparência nas relações torna-se fundamental para se criar um clima de respeito. O apreço pelo belo pode ser exercitado tanto no ambiente quanto no produto do trabalho. Os cuidados com a segurança e a saúde devem ser permanentes.

A grande diretriz inerente ao ato de trabalhar é servir ao próximo. Mas, em cada momento, é necessário estar atento às condições presentes na ação produtiva. A busca do absoluto, na trabalho, convive com situações que mudam continuamente para atender às demandas da sociedade em regime de liberdade de escolha.

Enfim, o trabalho tem a finalidade de educar o homem para que, no tempo certo, ele possa viver com a consciência pacificada pelo dever cumprido. É uma pena que algumas pessoas tentem fugir do trabalho, ao mesmo tempo que a algumas pessoas ele é negado na sua forma digna.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O líder, o gerente e o chefe

Líderes são seguidos. Gerentes iniciam e mantêm a ação com foco em resultados. Chefes exigem obediência.

Os líderes são eternos. Os gerentes se sobressaíram com a administração clássica. Os chefes faliram com o advento da democracia, embora insistam em sobreviver.

Em alguns casos os chefes continuam sendo necessários. Os gerentes são sempre necessários. Mas são os líderes em conhecimento que se destacam na era da informação.

O gerente ideal, baseado em conhecimento, deveria agir, sob medida, como chefe, gerente ou líder. Isso é o que se espera sob o conceito de liderança situacional na era do conhecimento.

Os graus do conhecimento 2

Existem, segundo se pode deduzir dos escritos dos sábios, três graus de conhecimento: o vulgar, o científico e o filosófico.

No conhecimento vulgar o ser humano é obrigado a agir com o seu melhor bom senso. Ele pode ser bem-sucedido quanto à sobrevivência, inclusive quanto ao desenvolvimento moral e espiritual, mas está longe de conhecer as relações de causa e efeito em profundidade.

No conhecimento científico, o ser humano pode atingir as alturas quanto às explicações dos fenômenos naturais. Einstein, o homem exemplar nesse campo, demonstrou, por exemplo, que a energia é matéria expandida, e que a matéria é energia condensada. Por meio de suas teorias foi possível confirmar previsões impensáveis para o homem que detém apenas o conhecimento vulgar ou o conhecimento científico tradicional.

No conhecimento filosófico, o homem vai além do conhecimento vulgar e questiona o próprio conhecimento científico, abrindo-se para os mistérios que estão além de qualquer explicação. O próprio Einstein afirmou que a verdade mais profunda não pode ser alcançada pelo cientista que não se abre, pela fé, à intuição. No limite, o sacerdote deveria ser um cientista e professor.

O homem que detém o conhecimento vulgar pode encontrar a paz pela aceitação de sua ignorância. O homem que detém o conhecimento científico pode encontrar o desespero por não aceitar sua ignorância. Mas só o verdadeiro filósofo, indo além dos conhecimentos vulgar e científico, pode encontrar a paz por aceitar "cientificamente" os mistérios insondáveis do Universo.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A tolerância científica

Os tolerantes são acusados pelos intolerantes de serem moralmente fracos. Os tolerantes, por sua vez, julgam que os intolerantes não têm direito à tolerância.

Quero defender a tolerância científica, isto é, a tolerância centrada no conhecimento da natureza humana. Isso exige que se questione até onde uma característica humana é genética e, portanto, fora de controle, ou condicionada pelas condições de existência, essas ajustáveis com alguma força de vontade.

Se acreditamos na existência de certos temperamentos, podemos aceitar que as pessoas se comportem, dentro de certos limites, de acordo com esses temperamentos. Não é justo que um introvertido seja obrigado a tornar-se extrovertido, e vice-versa.

Nas situações extremas, é preciso que os profissionais da saúde se manisfestem. Quais são os limites para que alguém exerça os seus traços de personalidade sem que isso se constitua riscos à saúde do seu próximo?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Aprendizagem acelerada

A aprendizagem colaborativa, descrita na última postagem, tem, geralmente, como produto, material didático preparado para acelerar a aprendizagem de iniciantes.

Eventualmente, os calouros de um semestre preparam material a ser usado por calouros do semestre seguinte. O material produzido é avaliado por professores, consultores e profissionais, além do professor da disciplina, antes de ser considerado apropriado.

Espera-se - e isso tem ocorrido - que iniciantes possam acelerar a sua aprendizagem do assunto a partir do material preparado. Isso tem funcionado para aqueles temas que estão bem abordados em livros didáticos reconhecidos pelos alunos como excelentes. Nesse caso, a criatividade do aluno que prepara o material só é permitida quanto à forma, pois o conteúdo já está previamente definido. No que se refere à forma, ela visa a facilitar a aprendizagem pela exposição gráfica e visual do tema.

Quando o assunto exige pesquisa, a aprendizagem acelerada é incentivada por meio do ensino de metodologias apropriadas. A obra Como Ler um Livro, por exemplo, permite que o aluno aprenda a ler como pesquisador. O livro Revolucionando o Aprendizado dá destaque para a comunicação via diagramas, mais do que textos. O livro Como se Faz uma Tese, de Humberto Eco, é usado para introduzir o aluno na pesquisa que leva à elaboração de uma monografia.

Em síntese, os testes que tenho feito com a aprendizagem colaborativa estão intimamente associados à aceleração da aprendizagem. Para tal, é importante conhecer os modelos de ensino-aprendizagem embutidos na gestão padrão mundial. Porém, tudo é feito sob a perspectiva humanista cristã. Busca-se aprender com as empresas mais competitivas para, extraindo os seus procedimentos neutros de ensino-aprendizagem, usá-los com uma abordagem colaborativa.

sábado, 19 de setembro de 2009

Aprendizagem colaborativa

Acredito que os alunos de uma classe, ou mesmo de um curso qualquer, podem realizar o seu potencial de aprendizagem em maior grau se forem estimulados a cooperar entre si, seguindo um método.

Tenho testado um método que chamo de "aprendizagem colaborativa". Inicialmente prescrevo uma tarefa sob medida e peço que todos a executem. Neste momento o julgamento leva em conta apenas se a tarefa foi cumprida, mas sem preocupação com qualidade. Após garantir que todos cumpram a tarefa, escolho, com a participação dos alunos, o melhor modelo.

O novo modelo é, então, tomado como referência para que todos se nivelem, agora em grupo. Encontrado o melhor modelo do grupo, o foco passa a ser desenvolver a tarefa de modo que o produto seja digno de representar toda a classe perante o público externo.

Quando possível, tal modelo é ainda julgado por seu público potencial: alunos de outros períodos, professores e profissionais. O resultado final é então divulgado como produto do esforço coletivo da classe. O material passa a constar do portal do conhecimento criado para o CGEP - Curso de Graduação em Engenharia de Produção da UFMG.

Nesse processo os alunos são levados a: 1) desenvolver a iniciativa, a criatividade, o trabalho em equipe, a negociação e a comunicação eficaz; 2) trabalhar o conceito de desenvolvimento do produto sob a perspectiva do cliente; 3) exercitar a melhoria contínua e usar o método científico de forma contextualizada.

Os resultados têm sido muito bons. A alegria de aprender tem sido evidente em (quase) todos os alunos.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O prazer de aprender

Aos 10 anos eu ainda não sabia ler nem escrever. A situação mudou com a intervenção da professora Iêda de Araújo, lá na Escola Rural Otávio Braziliense de Araújo, no município de Inhapim, MG.

Dona Iêda, como dizíamos, despertou em mim o prazer de aprender. Esse prazer se consolidou nos anos seguintes, em especial no Ginásio Estadual de Dom Cavati, na cidade de Dom Cavati, MG.

Na Escola Técnica Federal de Minas Gerais, hoje CEFET, entre 1972 e 1975, esse prazer prosseguiu firme, mesmo levando-se em conta que eu tinha de trabalhar durante o dia e estudar à noite. Todos os meus colegas tinham orgulho de estudar lá.

Na UFMG, entre 1976 e 1980, eu já havia me tornado um autodidata. Poderia ter sido muito melhor se todos os professores conhecessem o seu trabalho. Mas isso só acontecia com alguns deles.

Nos últimos anos tenho tentado despertar o prazer de aprender nos meus alunos. Os resultados têm sido muito bons. Não vejo como o estudante cujo caráter está em formação possa aprender satisfatoriamente sem sentir prazer na aprendizagem. Essa opinião foi compartilhada, por exemplo, por Einstein, no seu livro Notas Autobiográficas.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O professor como coordenador da aprendizagem

Tenho verificado que o sistema educacional, com honrosas exceções, faz um tremendo esforço para impedir a aprendizagem saudável e prazerosa.

O aluno é bombardeado com excesso de informação por meio de slides mal feitos e lidos com voz que leva ao sono. Em seguida é submetido a provas que não visam a ajudá-lo, mas a desmoralizá-lo.

Se fosse para ajudar seriam promovidos encontros para reforçar a aprendizagem em relação aos temas nos quais o aluno não se deu bem. Mas, ao contrário, usam-se os resultados das provas para confirmar que ele é preguiçoso ou inapto para aprender.

Na Coréia do Sul há uma luz a esse respeito. Compete ao professor promover a aprendizagem. Se ele não consegue é submetido a treinamento. Se continua não conseguindo, é dirigido para outra atividade condizente com sua vocação. Sua meta não é ensinar, mas fazer com que o aluno aprenda.

Estamos precisando de uma revolução no processo de ensino-aprendizagem!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A gestão de si mesmo

O pragmático diz: lidere, siga ou saia da frente. E isso parece ser uma verdade evidente. Mas qualquer que seja a decisão, é preciso que se tenha decidido gerenciar a si mesmo.

O gerente de si mesmo precisa ter, antes de tudo, autodisciplina. Mas isso exige conhecimento: de si mesmo, do outro e do ambiente. Com autodisciplina é possível saber a quem seguir, quando liderar e quando sair da frente.

No caos gerado pelo estouro da boiada, muitas vezes o mais seguro é sair da frente e recolher-se num canto. Afinal, a boiada não sabe mesmo para onde vai. Neste momento ela está apenas consumindo o Planeta gulosamente.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Conhecimento, bondade e coragem

O conhecimento, se tomado em sentido amplo e profundo, poderia libertar o ser humano. Porém, já está demonstrado que o conhecimento é sempre imperfeito.

Ele precisa caminhar ao lado da bondade para que a vida seja digna de ser vivida. Mas a própria bondade não depende do conhecimento, embora sua necessidade pudesse dele derivar se houvesse, por exemplo, conhecimento perfeito sobre o homem em si, sua origem e destino.

Porém, não bastam o conhecimento e a bondade. É preciso ter coragem para enfrentar todo tipo de situação que se interpõe entre o homem e sua dignidade. Muitas vezes, sob a perspectiva pacifista, a maior coragem é a de morrer por uma causa.

Entretanto, em alguns casos, como foi a luta contra o nazismo, não basta acrescentar a coragem de morrer ao conhecimento e à bondade. Nesses casos extremos o usurpador da liberdade precisa ser detido por uma força maior do que a sua, seja ela física, espiritual, ou uma combinação de ambas.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O verdadeiro estrategista

Num mundo confuso, onde a cada momento podem acontecer coisas catastróficas a todos, a única estratégia permanente está na aquisição de um senso estratégico. O senso é a capacidade de julgar em cada caso particular.

Se a cada dia refletirmos sobre o ontem, o hoje e o amanhã, desenvolveremos um senso de realidade. Para combater o desperdício, poderíamos pensar num senso de utilização. Para combater a bagunça, num senso de ordenação. Para alcançar a transparência e eliminar a sujeira, física e emocional, poderíamos pensar num senso de limpeza. A meta final, sendo a sáude, exige que se desenvolva um senso de saúde.

Tudo se consolida num senso de autodisciplina.

Pense em quantos sensos quiser: um ou muitos. Não fará diferença para o praticante. Alguns precisam compreender a situação geral para agir no particular. Outros precisam avaliar muitas situações particulares, e têm dificuldade de compreender a situação em geral. O importante, pois, é atualizar, pelo movimento, as faculdades humanas inerentes a cada um.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Um caminho seguro para o crescimento pessoal

Conversando com vários amigos conhecidos pelo seu bom senso, identifiquei algumas atitudes que eles julgam seguras para o crescimento pessoal:

1) gastar sempre menos do que se ganha;
2) valer sempre mais do que se ganha;
3) aprender a gostar do que se é obrigado a fazer;
4) tentar fazer aquilo de que se gosta;
5) aprender a andar antes de correr;
6) tornar-se um aprendiz por toda a vida.

A verdadeira riqueza, disse um desses amigos, consiste em ter vergonha na cara. Em seguida, afirmou que "mais importante do que ter muito é precisar de pouco".

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O agente da transformação social

Cada indivíduo pode ser agente da transformação social. Ele tem potencial que, pelo movimento, diante das condições apropriadas, pode ser atualizado. Nesse processo ele contamina positivamente outros indivíduos, formando correntes de realizações.

Caminhando da ignorância para o conhecimento cada vez mais profundo, o indivíduo evolui da opinião para a crença, e desta para o saber. Contudo, o saber pleno está fora do seu controle, pelo que ele só poderá caminhar, a cada passo, pela fé na existência daquilo que busca.

O indivíduo que assim caminha, pratica o método científico de Einstein. Combina fé e razão, além de compreender o papel fundamental da intuição criativa. Esta lhe dá certeza pessoal, mas que só tem valor quando testada por experimentos, voluntários ou involutários.

O agente social consciente assume vários papéis, como os de: cientista, engenheiro, tecnólogo, gerente, professor e sacerdote. Isso independe do seu grau de instrução formal, desde que tenha a instrução mínima necessária para tornar-se aprendiz por toda a vida.

domingo, 30 de agosto de 2009

Deus é a solução

Se existe o mal e o bem, sob a perspectiva humana, é preciso que o homem que queira realizar-se pense além de suas condições de existência na Terra. A meta suprema do homem só pode ser encontrada no limite entre a imanência e a transcendência. Isto é, dentro de si e, ao mesmo tempo, fora de si.

Dentro de si, pois a realidade que ele pode almejar tem de ser vivenciável diretamente. Fora de si, pois essa realidade última, embora o permeie, está por toda parte; portanto, não é propriedade sua. Não se trata apenas de se acreditar ou não em Deus, mas de viver com base em princípios que produzam vida em abundância para todos.

Como a Bíblia afirmou, o crente não tem necessariamente Deus, pois o diabo também crê. Tampouco o ateu nominal está necessariamente vazio de Deus, pois Ele não é um objeto que se possa possuir ou deixar de possuir. Sendo espírito, e estando em toda parte, está também no ateu que faça a Sua vontade na prática, embora O negue em teoria.

Deus é a solução efetiva, prática, e não teórica. O homem que O encontra, encontra a si mesmo. Tal homem, seja nominalmente crente ou ateu, pode viver de acordo com a Sua vontade. Falo do Deus verdadeiro, passível de conhecimento intuitivo pela fé, e não do Deus sistematizado pela mente humana. Ele pode ser encontrado até mesmo nas religiões, embora estas possam ser estatutárias e burocráticas.

O mal, sob essa perspectiva, consiste em se adotar um estilo de vida completamente egoísta, usando o outro como objeto, e isolando-se do Deus da vida compartilhada. Ao egoísta falta a fé geradora do amor que, por sua vez, é gerador do desejo de servir. Assim, o verdadeiro ateu é somente aquele que vive apenas para si mesmo. Quem serve ao próximo com amor está, por definição, também com Deus.

Deus, pois, é a solução final, por uma questão de princípio. Ele não está acessível como um objeto a ser pesquisado ou comprado. Os que têm acesso a Ele são: 1) os que amam ao próximo como a si mesmos; 2) os que amam a verdade e a buscam persistentemente; 3) os sofredores que, diante do desespero, pedem por socorro e entregam suas vidas a Ele.

Além do bem e do mal

Se existe o homem bom e o homem mau, seria razoável afirmar que o educador ideal está além do bem e do mal. Ele deveria estimular o bem com o bem, e repreender o mal, tanto com o amor como, se necessário, com o terror. Porém, tal educador não poderia ser o próprio homem, pois, tal homem assumiria poder absoluto.

Esse educador absoluto, assumiu Hegel, é Deus se manifestando na História. Ele seria, assumiu Marx, a Natureza se manifestando na História. Nos dois casos o homem seria apenas um agente controlado à distância. Mas um agente que se julga representante da História sem Deus ou de Deus atuando, por seu intermédio, na História.

Os faraós egípcios colocavam-se além do bem e do mal. Os imperadores romanos também. Os governantes da sociedade aberta aceitam a alternância de poder para que se atinja o equilíbrio que está além das circunstãncias que possam ser percebidas como o bem ou como o mal, de acordo com a perspectiva adotada. Isto é, o bem o e mal só se manifestam, seja nas sociedades abertas ou fechadas, ao longo do tempo.

Sócrates deu uma solução inteligente para a questão. Só pelo exercício da razão é que se pode conhecer o bem e o mal. Neste caso, a opção seria sempre pelo bem, pois optar pelo mal tendo consciência do bem só seria possível para a mente doentia.

Jesus Cristo trouxe outra perspectiva: o bem e o mal existem, mas a verdadeira vida está no bem. Sócrates, ao destacar a necessidade de conhecimento, deixou esperança, mas também o desespero para o homem consciente das suas limitações. Jesus Cristo deu um passo à frente quando mostrou a possibilidade de que a fé suprisse a falta de conhecimento, desde que fosse a fé no bem - Deus -, alcansável por intervenção do Filho.

Assim, sob a pespectiva humana, somente a fé, o amor e a esperança podem superar a questão da dicotomia entre o bem e o mal. Nem mesmo o conhecimento pode fazê-lo, pois o homem nunca terá como apossar-se do verdadeiro conhecimento do bem e do mal de forma completa, a menos que reivindique ser ele mesmo Deus.

Sobre a bondade humana

Se destaquei a maldade, devo também destacar a bondade humana. Um dia desses estava num churrasco onde um dos presentes relatava que alguém queria tirar-lhe algo de sua propriedade. Sua postura: - entregar sem reclamar.

Meu pai foi, para mim, um exemplo de pessoa bondosa. Ele era ao mesmo tempo bom e corajoso. Uma vez foi a uma "tocaia" fazer com que o assissino em potencial desistisse de sua intenção. Ele conseguiu. Uns 30 anos depois do fato o quase futuro assassino confessou-me que devia esse favor ao meu pai.

Meu pai montou um farmácia no antigo Distrito de Goiabeira, no município de Conselheiro Pena, MG, ali pelo ano de 1961. Ele deu, literalmente, a farmácia para os outros. Muitos anos depois um dos beneficiados contou-me que tinha oito filhos doentes e nenhum recurso para cuidar deles. O remédio que tomaram foi-lhe vendido fiado por meu pai, mas ele nunca o pagou, nem foi cobrado.

Minha família pagou caro por esse tipo de bondade, mas foi recompensada no tempo devido. Assim, só posso conluir que o homem é potencialmente bom, assim como é potencialmente mau. Não sei o quanto a questão é genética e o quanto é de natureza cultural. Só sei que o homem mau pode ser ocasionalmente bom e o homem bom, ocasionalmente mau.

Sobre a maldade humana

Ontem estive conversando com um dos meus cunhados que mora na zona rural de Governador Valadares. Próximo à sua fazenda aconteceram pelo menos três crimes bárbaros nos últimos meses. Os responsáveis intelectuais são pessoas razoavelmente instruídas.

Num dos casos, atribui-se a origem do crime a questões passionais. Noutro, a questões de posse de bens. Os autores foram jagunços para quem a vida não tem nenhum valor. Num dos casos a pessoa morreu por engano, por estar no carro de quem deveria ser morto, à noite.

Governador Valadares está se destacando na mídia por ser a segunda cidade mais violenta do Brasil para adolescentes e jovens. Geralmente eles se envolvem com tráfico de drogas e outros delitos de confrontação de poder pessoal. A situação é lastimável.

Que tipo de educação pode ser dada para conter essa maldade? Amor? Terror? Uma combinação de ambos?

sábado, 29 de agosto de 2009

Gestão da dialética do conhecimento no ambiente de trabalho

O conhecimento é dialético, isto é, depende do diálogo do sujeito do conhecimento com outros sujeitos, com coisas e com processos. No ambiente de trabalho, cada trabalhador pode e deve ser um gestor.

Assim, a gestão da dialética do conhecimento no ambiente de trabalho deve ter um currículo apropriado que torne cada trabalhador um sujeito ativo e interativo. Cada trabalhador pode, assim, tornar-se um empreender em sentido amplo.

Os elementos básicos de um curso a esse respeito deveriam compreender: 1) O Cenário dos Empreendimentos Públicos e Privados; 2) As Atitudes e os Hábitos do Cidadão Produtivo; 3) A Dialética do Conhecimento Produtivo; 4) A Comunicação Eficaz; 5) Perspectivas de Carreira.

A tranformação social, que implica conhecer e transformar, parte da educação para o trabalho, inclusive e talvez principalmente, quando já se está no ambiente de trabalho. E isso implica formar o trabalhador dialético no sentido deste texto.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A mais impressionante lição da História

Alguém já disse que só existe uma ciência: a ciência da História. Outra pessoa disse que toda teoria pode mostrar-se falsa ao longo do tempo, na História, mediante algum teste decisivo, mas que nenhuma teoria pode ter comprovação definitiva por acúmulo de evidências que lhe sejam favoráveis.

Entretanto, pode-se afirmar, com certeza, até o momento, que a Hístória mostra o destino cruel que espera cada pessoa e civilização: o nada. A menos que se creia que haja vida após a vida, é perda de tempo lutar por ideais na Terra. Toda luta seria inútil se não houvesse a possibilidade da transcendência. Esta, por sua vez, se aceita, deveria alimentar sempre a luta dos homens em cooperação para compreender e transformar suas condições de existência.

Contudo, independente da crença que nos mova, é possível fazer algo digno aqui e agora. E isso pode ser suficiente para pacificar a nossa consciência atual enquanto não atingirmos níveis mais elevados de consciência. Realizando, aqui e agora, o que estiver ao nosso alcance, podemos amenizar a dor da existência e aperfeiçoar o nosso caráter.

Somos nada e, ao mesmo tempo, somos um milagre!

domingo, 23 de agosto de 2009

Quando pessoas espertas se tornam ridículas

O homem era pobre, mas honrado. Sua mãe, muito religiosa, transmitiu-lhe a fé em Deus. Ele ficou rico e assustou-se quando leu na Bíblia que dificilmente um rico entraria no reino de Deus. Talvez por isso tenha tentado aumentar suas chances com o Criador, tornando-se um grande colaborador de sua Igreja.

Ele tinha um supermercado e fez uma companha promocional com frangos. Só vendia 5 Kg por pessoa. Seu irmão, tentando ajudar outra Igreja, dispôs-se a doar 200 Kg de frango para um jantar beneficente. Mas o homem não quis vender o frango pelo preço do queima (R$1,99 o Kg). Alegou que, para vender mais de 5Kg para a mesma pessoa, tinha que cobrir o preço de custo (R$2,10). Ele tinha um estoque de 60 mil Kg para a promoção, mas não abriu mão da política adotada.

Seu irmão pagou a conta e, em seguida, abriu a Bíblia no lugar que o homem mais temia: mostrou-lhe a passagem que dizia que o rico dificilmente entraria no reino de Deus. Ainda sem perceber o que estava acontecendo o homem disse: - negócios, negócios, religão à parte. No domingo seguinte continou indo à Igreja para pedir a proteção de Deus.

Infelizmente esse fato é verídico. O homem do ridículo é uma pessoa conhecida por ser um empreendedor esperto e, ao mesmo tempo, um religioso fervoroso.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Transformação instantânea

Quem pensa que um dia o mundo será transformado está errado. Toda transformação começa imediatamente na mente do agente. A cada instante é tempo de iniciar o movimento para fazer o que está ao alcance de cada um. Como já disse alguém, "nada muda se você não mudar". E cada um de nós pode iniciar, imediatamente, a mudança.

Pode-se começar varrendo!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Visões da sociedade transformada

Perguntei, durante muitos anos, a vários públicos, sobre que visão tinham da sociedade brasileira transformada.

Entre as muitas respostas, sobressaíram: distribuição de renda compatível com o capitalismo respeitável (o padrão dos Estados Unidos, no mínimo); consumo consciente; dimuição significativa da burocracia; garantia de igualdade de condições, inclusive levando-se em conta o tratamento especial aos desiguais; entre outros aspectos.

Enfim, há pessoas que já estão nesse patamar. A questão central consiste em melhorar o caráter, em larga escala, por meio de uma educação que se baseie no exemplo. A instrução mais avançada não é suficiente.

Tentemos a educação que se inicie sempre por alguma boa prática.

Pode-se começar varrendo!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Os detalhes fazem a diferença

Alguns especialistas, especialmente aqueles sem visão sistêmica, acham que a sua contribuição é o elemento-chave. O restante são detalhes.

Verifiquei esse pensamento num hospital em que os médicos não valorizavam o trabalho das enfermeiras. Ambos não davam o devido valor ao trabalho do pessoal da limpeza. Como resultado, a infecção hospitalar não era apropriadamente combatida. O hospital, acionado por um cidadão consciente, teve de responder na justiça e pagar caro por essa despreocupação com os detalhes.

Acompanhei, ainda, o caso de uma grande empresa cujos atendentes não estavam preparados para lidar com os seus clientes. O resultado foi a criação de uma comunidade de clintes insatisfeitos que faziam publicidade negativa da mesma. De graça!

Por outro lado, no setor automobilístico, as montadoras mais inteligentes já perceberam que a engenharia robusta faz parte do veículo, obrigatoriamente, mas que a conquista do mercado depende de se atentarem para os detalhes. Algumas empresas já não vendem apenas automóveis, mas os sentimentos de: segurança, conforto e "status" que eles dão.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Uma agenda positiva para a transformação social

Na última postagem (Jesus Cristo, Marx e Freud) procurei demonstrar que, mesmo entre visões de mundo aparentemente discordantes, há muito em comum. Isso se deve ao fato de sermos seres humanos convivendo na Terra.

Assim, fazendo analogia com o Programa 5S - S de Senso, no Brasil, e de Seiri, Seiton, Seisou, Seiketsu e Shitsuke, no Japão - podem-se colocar em ação os cinco sensos que estão de acordo com a necessidade brasileira de transformação social, independetemente de ideologia política ou religiosa. São eles os Sensos de: Utilização, Ordenação, Limpeza, Saúde e Autodisciplina.

A meta final é a Saúde, em sentido amplo, das pessoas e do Planeta. Para tal é preciso Utilizar de forma apropriada os recursos humanos, materiais e financeiros. Entretanto, o Senso de Utilização implica a necessidade de Ordenação dos meios, assim como uma postura de pureza e transparência, isto é, o Senso de Limpeza.

O Senso de Autodisciplina torna-se tanto o elemento de partida para dar ignição ao processo, quanto o resultado final do exercício permanente das forças corporais e mentais, ao lado da Saúde como resultado final a ser usufruído.

Quanto ao método, ele é intuitivo, mas pode ser explicitado com diversos níveis de complexidade para dar a cada agente social as armas de Newton, Galilei Galilei e Einstein. No primeiro momento, como já foi dito em outras ocasiões, pode-se começar, se necessário, varrendo ...

É preciso que se desenvolva, contudo, uma consciência de que é necessário servir ao próximo para ser feliz e ser feliz para servir ao próximo.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Jesus Cristo , Marx e Freud

Aparentemente nada há em comum entre Jesus - o Cristo -, Marx e Freud, além do fato de terem influenciado a forma de pensar da Humanidade em larga escala.

Jesus não só acreditava em Deus, como se dizia Seu Filho único e, como tal, foi aceito pelos Cristãos. Marx, ao contrário, repudiou o Deus da religião como a principal prisão que isola o homem de sua grandeza inerente. Freud era um ateu que, como cientista, deixava margem para estar errado quanto à sua crença. Ele afirmou que a teoria marxista partia do pressuposto de que a justiça econômica traria paz e hormonia entre os homens, enquanto a psicanálise deixava claro que o homem tem, dentro de si, o potencial de ter prazer no sofrimento do próximo independente de sua condição econômica.

Os três personagens, por mais incompatíveis que fossem, pregavam que só a verdade liberta. Os três acreditavam no amor genuíno, assim como no valor do trabalho. Todos eles acreditavam que, na Terra, o critério final da verdade expressa no pensamento concretiza-se apenas na prática. Contudo, Jesus ensinava que o lugar definitivo da felicidade que vem do conhecimento da verdade era ao lado do Deus Pai, e que ele (Jesus) era o Caminho para se chegar lá. Já Marx e Freud acreditavam que tudo que o homem pudesse conseguir, de bom ou de ruim, encerrava-se aqui mesmo na Terra.

A salvação, para Jesus, era uma questão individual, mas do indivíduo comprometido com Deus e com o seu próximo. Para Freud tudo se resumia à saúde mental, igualmente do individuo inserido na sociedade. Para Marx, a saúde do indivíduo estava rigidamente solidária à saúde coletiva dos trabalhadores unidos contra os seus exploradores capitalistas. As três visões de mundo geradas pelas ideias/doutrinas desses três gigantes são consideradas mutuamente excludentes pelos seus adeptos ortodoxos. Já os adeptos heterodoxos são acusados de unir tais doutrinas incompatíveis formando uma doutrina sincrética e herética infiltrada.

Embora os três propusessem que era necessário compreender para transformar, Jesus proponha a transformação imediata pela fé geradora da paz que ultrapassaria todo entendimento. Sendo essa fé depositada em Deus, e não no Homem, ela seria a fonte do amor, capaz de transformar as condições de vida de dentro para fora, ainda que as condições exteriores continuassem ruins. Gandhi, apesar de hinduísta, diz ter adotado a doutrina de Jesus pregada no seu Sermão do Monte.

Até o momento, julgo que Erich Fromm fez a melhor análise comparativa entre esses três personagens, especialmente por meio dos seus livros: 1) Meu Encontro com Marx e Freud; 2) O Dogma de Cristo e 3)Psicanálise e Religião.

domingo, 2 de agosto de 2009

A sabedoria malandra de um amigo analfabeto

Aos 10 anos eu ainda era analfabeto. Xico, o meu amigo com cerca de 20 anos, era também analfabeto. Após ter um "estalo", estimulado pela professora Iêda, fui o primeiro da classe durante os 12 anos seguintes.

A essa altura, julgando-me inteligente, fui conversar com o Xico, que continuava analfabeto. Ele me disse: - João, sô pobre, mais vô ficá rico, se Deus quisé. Aliás, tô decidido: se Deus não quisé que eu fique rico, eu vô ficá assim memo e pronto!

Após minhas tentativas de mostrar ao Xico que era sinal de burrice provocar o Deus soberano, ele me disse: - João, ocê estudô pra burro? Eu disse que vô ficá assim memo, do jeito que tô agora: pobre e feliz.

Percebi que o meu amigo Xico tinha uma sabedoria marota. Ele me provocou e eu cai na cilada. O que me faltou foi ficar calado para perscrutar suas intenções. Eu perdi a disputa verbal para o analfabeto, mas aprendi um pouco mais sobre comunicação humana.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Discurso como Patrono dos Formandos 2009/1 do Curso de Graduação em Engenharia de Produção da UFMG

Autoridades presentes, colegas homenageados, senhores pais, convidados em geral. Queridos(as) formandos(as).

Farei três discursos para os três públicos diferentes que aqui estão.

1 – Amigos e parentes dos formandos: suportem o meu discurso, mesmo que não gostem dele. Para vocês, discurso encerrado. Podem dormir à vontade!

2 – Pais. Seus filhos são realmente o que pensam deles: bonitos, inteligentes e nascidos para vencer. Basta diminuir um pouquinho para se chegar à verdade a esse respeito. Tentei cuidar deles pensando nos meus próprios filhos, um com 25 anos e uma com 22 anos. Para vocês, discurso encerrado. Falarei agora para os seus tesouros.

3 – Formandos(as):
3.1 – Tudo que porventura eu tenha feito para vocês, fiz pensando em mim mesmo: tornar-me digno como formador de homens integrais. Tentei, dentro do possível, ajudar a transformá-los em cidadãos produtivos. Espero que vocês produzam: mais alimentos, mais habitações, mais conforto, mais segurança, mais saúde, mais alegria, mais justiça. Em síntese, mais felicidade com o menor custo possível.

3.2 – Sua principal missão na vida é ser feliz. Mas isso só pode ser conseguido se servirem ao próximo. Se não for possível fazer o que amam, aprendam a amar o que for necessário fazer. O sucesso virá naturalmente. Vou dar um exemplo.

Apesar de ter dado muito trabalho, adorei preparar o ambiente Teleduc para melhorar a sua vida. Vocês se lembram como foi difícil fazer com que se cadastrassem? Quem acha que o meu investimento no Teleduc valeu a pena diga SIM, em voz alta.

Por outro lado, eu detestava cuidar da matrícula. Mesmo assim assumi que deveria enfrentar o problema para melhorar o que fosse possível. Quem acha que valeu a pena o meu investimento na melhoria do processo de matrícula diga SIM, em voz alta.

Tudo foi muito bom para vocês, mas, quanto a mim, fui para o hospital no segundo semestre de 2008 com dores no coração. Diagnóstico: tensão excessiva por excesso de preocupação e trabalho. Contudo, não me arrependo de ter agido para melhorar a sua vida. Espero que guardem esse exemplo no coração.

3.3 - ENCERRANDO: Vocês são os portadores da tocha da esperança. Não a deixem apagar. Não hajam como máquinas, pois vocês são homens integrais, movidos a fé, amor e esperança. Vou ilustrar novamente o que falei.

Algumas vezes tive de ser duro com vocês. Nesses momentos eu parecia uma máquina. Ao mesmo tempo, fui muito flexível em certos momentos quando percebi que vocês estavam chegando ao seu limite. Isso foi necessário para que vocês se organizassem melhor, tivessem mais responsabilidade e, ao mesmo tempo, se sentissem respeitados como seres humanos. Espero que o exemplo tenha valido por muitos discursos.

Sinto que vocês entenderam o que fiz. A prova disso é a homenagem que me fizeram escolhendo-me para seu patrono. Quero que entendam que a sua vida profissional começa hoje e, com ela, se inicia a necessidade de aprender. Agora mais do que nunca.

Espero que tenham aprendido a aprender e que nunca parem de aprender por toda a vida.

O restante do que eu tinha a dizer está postado no Teleduc. Consultem, ainda, os meus dois Blogs: www.gestaopelaqualidade.blogspot.com e www.compreenderetransformar.blogspot.com.

QUE DEUS OS ABENÇÕE!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Senso comum, ciência e sabedoria

A vida exige, para que se torne viável, o compartilhamento de opiniões, crenças e saberes que gerem uma linguagem mínima comum. Subgrupos podem formar-se a partir de compartilhamentos particulares.

Tudo que é compartilhado em em larga escala, e que permite o diálogo universal, pode ser visto como fazendo parte do senso comum. Contudo, mesmo sendo comum a (quase) todos, as opiniões e crenças podem estar longe do verdadeiro saber, embora não necessariamente de um saber suficiente para garantir a sobrevivência.

A ciência, como a conhecemos, trata-se de conhecimento dos especitalistas, até que se torne, novamente, senso comum. A ciência mais avançada continua, contudo, sendo um campo para especialistas em cada geração.

Entretanto, tanto o senso comum como a ciência mais avançada podem ser deficientes em sabedoria. Esta, por sua vez, depende do conhecimento intuitivo que capta conexões que vão além das aparências, não tendo relação direta com a instrução formal.

A sabedoria é fonte da vida digna que vai além dos aspectos materiais. É por meio dela que se ultrapassa a mera justiça e se aplica a misercórdia aos que a merecem.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Três valores fundamentais em tempos de incerteza

Minhas pesquisas e diálogos com vários profissionais apontam para a necessidade de se cultivarem três valores fundamentais mínimos: competência, integridade e solidariedade. Os tempos de incerteza são um grande momento de teste para se aferir a adesão a tais valores.

Toda ação deve ser, antes de tudo, competente. O profissional deve dominar os seus processos de trabalho de forma a estar alinhado com as melhores práticas vigentes. A qualidade, em sentido amplo, deve ser vista como o pre-requisito da produtividade.

A competência deve ser construída sobre a integridade. Não se deve fugir de nenhuma das responsabilidades legais e éticas, sob pena de relaxamento e de perda dos benefícios da competência. A integridade permite que se durma em paz, dando à vida um significado básico mínimo.

A solidariedade é um passo avançado no sentimento de se pertencer à Humanidade. Ela completa o sentimento de integridade. Embora possa ter origem natural, sua consolidação em larga escala depende de se aceitar a origem nobre da Humanidade a partir de uma fonte transcendente à realidade que conhecemos.

domingo, 26 de julho de 2009

O profissional precisa ter visão sistêmica

Todo profissional, em qualquer área, precisa ser, antes de tudo, um especialista. Ele deve saber tudo sobre a essência de sua profissão. A partir dai ele deve transformar-se num generalista. Só assim poderá contextualizar os detalhes de sua profissão com o todo necessário para exercê-la bem.

Até mesmo para agir localmente, na área específica de sua especialidade, é preciso ter uma visão do todo. Os efeitos locais, como acontece com os terremotos, podem ter origem distante. Outro dia conversei com um odontólogo chinês que descobriu que o problema do seu paciente, que se manifestava na nervura do dente, tinha origem numa infecção no dedão do pé.

sábado, 25 de julho de 2009

Os novos subversivos brasileiros

O Brasil precisa ser sacudido por um novo tipo de agentes subversivos. É preciso subverter o consumo destrutivo em consumo sustentável e consciente. Subverter a desordem, sujeira e patologias que contaminam a beleza natural e a saúde física, intelectual e emocional deste País.

Os subversivos de que o País necessita são os construtores do futuro. Eles devem ter a mente alerta e o coração sensível e humilde. Seus olhos devem ser treinados para gostar do belo, e suas mãos devem estar aptas para construí-lo a partir de projetos inteligentes.

O subversivo de que o Brasil necessita só pode ser produzido por uma educação de alto nível. Ele deve ser capaz de tomar a iniciativa e fazer o que for necessário em todas as circunstâncias, com muita alegria, individualmente e em equipe.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Professores bons de aula

É justo que o aluno queira ter professores bons de aula. Mas, apesar de necessário, esse tipo é raro. O ideal é que tais professores estejam disponíveis para dar apoio direto aos alunos que deles necessitem mas, sobretudo, que liderem o processo de formação de novos professores, além de criar ou selecionar materiais didáticos sob medida para formar alunos autodidatas.

Falo isso por experiência própria. Após ter sido salvo por um professor bom de aula no antigo Curso Primário, tive o prazer de prosseguir com a firme convicção de que, se necessário, poderia aprender sozinho a partir de materiais didáticos de boa qualidade. Surgiu, então, o novo problema: é difícil encontrar tais materiais.

Assim, defendo que os melhores professores são aqueles que, escolhendo ou produzindo materiais didáticos de excelente qualidade, induz os seus alunos a aprenderem com autonomia, mesmo quando estiverem sob a orientação de professores ruins de aula e, eventualmente, sem acesso aos melhores materiais didáticos.

Os autodidatas assim preparados serão líderes pelo conhecimento. Sua missão principal deverá ser formar mais líderes dessa natureza.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Faça sua própria revolução

Quer você acredite que a natureza humana é aquela descrita por Calvino, ou aquela descrita por Mêncio, ou outra versão qualquer, só existe uma possibilidade para você ajudar a transformar o mundo: fazer a própria revolução interior.

Comece observando as oportunidades de mudança que existem em você. Analise-se e peça aos amigos que lhe digam em que você pode melhorar. Mas não espere conhecer-se completamente para iniciar a mudança que reflita no mundo exterior. Comece varrendo, ouvindo, organizando, inovando, servindo ...

Enfim, comece!

A natureza humana dos políticos

A política é a mais alta instância da atividade humana. Ela deveria cuidar da organização social, de forma a permitir a unidade quanto a objetivos comuns apesar da diversidade de interesses individuais e de grupos. Para isso os políticos: ou deveriam ser avaliados segundo o seu respeito à legislação derivada da vontade de Deus, expressa nos 10 Mandamentos (visão de Calvino); ou deveriam receber a educação superior para tornarem-se governantes-filósofos (consequência lógica a natureza humana segundo Mêncio, porém defendida abertamente por Platão).

Contudo, nenhuma das alternativas funcionou completamente. A política tornou-se a arte de acumular e exercer o poder visando ao interesse próprio, prioritariamente, mas com o cuidado de ludibriar o povo, de forma que ele se veja como a prioridade das atenções dos políticos. Isso confirma a pressuposição de Calvino sobre a miséria humana, além de ressaltar, sob a perspectiva de Mêncio, que a educação dos políticos usurpadores de poder não tenha sido apropriada.

Basta observar o noticiário sobre a evolução do patrimônio financeiro/econômico dos principais políticos brasileiros para ratificar a necessidade de desconfiar deles e submetê-los ao mais rigoroso controle social. Já que eles não têm autodisciplina, precisam ser disciplinados pela justiça defendida pelo braço forte armado.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Calvino versus Mêncio

Nas duas postagens anteriores foram apresentadas, sem comentários, as opíniões de Calvino e de Mêncio sobre a natureza humana. Entretanto, delas decorrem as seguintes consequências lógicas, se levadas a sério:

1) Visão de Calvino
Se cada indivíduo for deixado agir segundo a sua própria vontade, o mundo vira um caos, como de fato se pode comprovar pela História. É preciso, pois, limitar a ação do homem, quer sob a autoridade de Deus - que Calvino julgava estar bem delimitada pela Bíblia Reformada -, quer pelo estabelecimento do estado de direito laico. Nos dois casos é preciso, como afirmou Freud, fazer com que o educador introjetado - superego - leve o indivíduo à autodisciplina. Na sua ausência, é preciso impor a disciplina, de preferência pelo amor, mas também, se necessário, pela dor. A justiça deve ser assessorada pela espada.

2) Visão de Mêncio
Parece um pouco mais suave, mas leva às mesmas consequências. Abre-se espaço para a educação das crianças num clima de muita serenidade, sem a necessidade de impingir-lhes o medo, mas com os devidos castigos para os recalcitrantes contumazes.

terça-feira, 21 de julho de 2009

A natureza humana segundo João Calvino

Em Calvino, João. As Institutas. Cultura Cristã, 2006, Vol. 1, página 162, lê-se:

"(...): o entendimento do homem está de tal maneira e tão completamente alienado da justiça de Deus que ele não pode imaginar, conceber e compreender outra coisa que não a maldade, a iniqüidade e a corrupção; e, semelhantemente, que o seu coração acha-se tão envenenado pelo pecado que só pode produzir perversidade de toda sorte. E se suceder que, de algum modo, o homem faça algo que tenha a aparência de bem, não obstante o seu entendimento permanece sempre envolto na hipocrisia e na vaidade, e o seu coração está sempre entregue à malícia."

A síntese de Calvino está posta. Reflitamos sobre ela sem preconceito!

A natureza do homem segundo Mêncio

Disse Mêncio, um sábio chinês contemporâneo de Aristóteles:

“Aqueles que seguem o que neles é grandioso são grandiosos; aqueles que seguem o que é neles insignificante são insignificantes. À mente cabe o ofício de pensar. Pensando, ela obtém a visão correta das coisas; negligenciando o pensamento, ela fracassa nesse intento. Apegue-se o homem à supremacia da parte mais nobre de sua constituição, e a parte inferior não será capaz de lhe tomar essa posição. É simplesmente isso que faz um homem grandioso.”

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Pensamento e ação

Einstein acreditava que se podia chegar às grandes verdades pelo pensamento puro, ao contrário do que afirmou o filósofo do conhecimento Imanuel Kant. Porém, Einstein dexou claro que o conhecimento dessa natureza não é passível de compartilhamento a menos que possa ser provado, como na matemática, ou testado por experimentos, como no caso da física. Concordo com Einstein.

Como consequência lógica dessa concordãncia, aceito, provisoriamente, a palavra de qualquer um, mas só dou meu aval mediante conhecimento profundo do emissor. Mesmo assim, sabendo que posso pagar caro pela confiança depositada. Como último critério para a aceitação da palavra de alguém, ou de algum pensamento, só aceito mesmo a prática.

Assim, sempre confio em alguém deixando alguma margem para a possibilidade de que eu possa ser enganado. Nos casos em que a confiança é realmente grande, sequer penso no assunto de forma consciente. Tudo já está internalizado. Eventuais decepções eu as credito ao preço que devo pagar pela aprendizagem.

sábado, 18 de julho de 2009

Conhecimento Magno e Bom Senso

Quando falamos em conhecimento magno - científico, grandioso - mal sabemos que seu maior possuior - Einstein - afirmou que sua base é o bom senso. Entretanto, o próprio Einstein não tinha bom senso em todas as coisas. Nas relações humanas íntimas, por exemplo.

Assim, para se chegar ao conhecimento verdadeiramente grandioso é preciso começar pelo primeiro passo: o bom senso.

Pode-se começar varrendo!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O homem usurpador

O homem honesto, excelente e produtivo, é também um servidor. Seus meios de vida são adquiridos como retorno pela prestação de serviços, ainda que ele não cobre por todos os serviços prestados. Entretanto, devemos estar atentos ao homem usurpador, isto é: desonesto e improdutivo.

Os usurpadores estão em toda parte. Na religião, usam o nome de Deus para enriquecimento ás custas do trabalho de ovelhas ignorantes. Na política, usam o Estado como fonte de renda sem correspondência com o valor dos serviços prestados. Agindo corporativamente, agrupam-se em profissões rentáveis, impedindo que até mesmo as atividades mais simples possam ser executadas diretamente por quem não pertença à corporação.

Os usurpadores, no limite, só podem ser retirados de suas zonas de conforto pela revolução, como muitas vezes aconteceu na História. Nesse processo, infelizmente, geralmetne eles são apenas substituídos por outros usurpadores. Esse tipo, a menos que tenha cauterizado sua consciência, não pode dormir o sono dos justos.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

O homem produtivo

O homem será mais produtivo quanto mais ele pode ser feliz com menos recursos. Assim, embora possa produzir muito no plano material, e com o mínimo de energia possível, ele não necessita consumir muito. Dessa maneira, sua vida é fonte de vida para aqueles que estão no limite da sobrevivência.

Sócrates foi produtivo em todos os sentidos do termo. Ele focou a sua existência no autoconhecimento, embora tenha feito tudo que um homem de sua época fazia, inclusive guerrear com coragem. Na hora da morte não teve medo, pois já sabia quem era. Seus alunos choraram, mas ele ficou impassível.

Atualmente a produtividade mais valorizada é a financeira. E isso é importante, desde que o homem financeiramente produtivo não esteja morto para a vida verdadeira e não seja, ele mesmo, improdutivo em termos de valor agregado à vida de qualidade.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

O homem excelente

O homem excelente é aquele que se torna, a cada momento, aquilo que poderia ser. Mas ele nunca sabe exatamente aonde pode chegar. Por isso acredita que seu potencial é, se não infinito, pelo menos indeterminado.

Ele não compete com ninguém, mas aprende com todos. Deseja apenas ser o melhor de si, satisfazendo-se com as conquistas que decorram do seu esforço. Para ele, qualquer resultado é bom, desde que tenha a consciência tranquila de que fez tudo que estava ao seu alcance.

O homem excelente cumpre o seu dever mesmo quando não estão em jogo recompensa e reconhecimento pelo que faz. Ele vale sempre mais do que ganha e, assim, costuma ir sempre além daqueles que limitam o seu trabalho pela recompensa recebida.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Mente de iniciante

Cultivar uma mente de iniciante é vital para o exercício da criatividade orientada para resultados. Entendi isso quando, nas décadas de 80 e 90, envolvi-me com a compreensão, prática e difusão do modelo japonês de gestão.

Quando nos reuníamos sob a orientação dos professores José Martins de Godoy e Vicente Falconi Campos, sabíamos nos portar com uma mente livre para fazer e (re)aprender o que fosse necessário. Isso poderia significar, por exemplo, limpar o local de trabalho e arrumar os móveis. Sobretudo, ficávamos alertas para as dificuldades da comunicão humana.

O foco dessa postura estava em torno do famoso PDCA - uma simplificação instrumental do método científico - e da aplicação de um senso de qualidade em tudo que fazíamos. Contudo, é preciso ressaltar que os ambientes "normais" não são apropriados para uma mente de iniciante. Neles as pessoas, principalmente aquelas que deviam dar o exemplo, têm certeza de que sabem tudo e não aceitam pessoas com mente de iniciante. Que pena!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

A dinâmica magna do conhecimento

Há muitos anos fui despertado para a existência de uma dinâmica do conhecimento que está em curso no dia-a-dia ao longo da História. A versão mais avançada do método básico dessa dinâmica, na sua forma aplicável a problemas científicos, foi praticada e descrita por Einstein (ver, por exemplo, os livros: 1) Notas Autobiográficas, do próprio Einstein, e 2) A Imaginação Científica, de Gerald Holton).

Estou convencido, após anos de reflexão, leituras e diálogos com diversos especialistas, que é preciso concentrar-se numa Dinâmica Magna do Conhecimento para dar suporte aos esforços de desenvovimeto integrado do Brasil. Essa Dinâmica Magna é comum a todas as atividades, mas precisa ser cultivada intencionalmente, além de ser expressa num formato inteligível acessível a todas as pessoas em condições de contribuir para a melhoria das condições de vida da sociedade.

Estou, neste momento, intensificando os contatos para sistematizar e difundir os produtos de minhas pesquisas sobre o tema.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Opções

A capacidade de fazer opções, dentro dos limites de suas condições de existência, é inerente ao ser humano.

Essa capacidade, contudo, precisa ser atualizada pela educação, sob condições apropriadas.

terça-feira, 30 de junho de 2009

A meta não é sobreviver, mas viver!

Diante dos recentes desastres com empresas antes consideradas sólidas, tem sido comum reforçar que "só os paranóicos" sobreviverão. Afirmo, ao contrário, que ninguém, individualmente, sobreviverá.

Minha afirmação é evidente, pois, como indivíduos, todos somos mortais. As empresas, como organismos vivos, podem readquirir a cada dia o seu direito de sobreviver. Porém, mesmo assim há os limites sistêmicos que se estendem à sobrevivência da Humanidade.

A solução genérica, portanto, não está no acirramento da competição, mas na descoberta do valor da cooperação em escala global. Há dúvidas se essa cooperação pode ser conseguida antes da catástrofe final já anunciado, mas não custa alimentar o sonho e tratar de implementá-lo com base nos abundantes fatos e dados históricos existentes.

A meta não é sobreviver, mas viver com dignidade!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Fé, amor e razão

Percebo que este é o grande e poderoso tripé da existência: fé, amor e razão.

Pela fé, avança-se para o que não se vê.

Pelo amor, vive-se com alegria e alcança-se a felicidade, mesmo quando sofremos.

Pela razão, julga-se a lógica da fé e evitam-se as armadilhas da paixão, que pode ser confundida com amor. Sobretudo, cabe à razão conduzir a vida com fé e amor.

Tenhamos, pois, fé no Absoluto (Deus). Vivamos em amor. Mas usemos a razão para viver com dignidade.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Ciladas emocionais

Percebi que cada sinal emitido - tom de voz, gesto etc. - que ameace a segurança do outro é armazenado no seu sistema nervoso. Em momentos posteriores, basta um pequeno sinal para que a armadilha formada se volte contra o agressor. O instinto bilógico de sobrevivência passa a atuar, gerando reações desproporcionais à provocação feita.

Isso aconteceu comigo algumas vezes. Desde a infância desenvolvi mecanismos de defesa emocional que, às vezes, é acionado. Em outras palavras: ainda que eu busque a paz, posso ser guerreiro devastador. Dai, todo cuidado ser pouco para não criar as tais armadilhas. É melhor aceitar um ofensa calado do que ofender alguém. Quem tem autocontrole poderá educar o agressor em momento oportuno, caso ele não seja doente mental.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O visível e o invisível

O conhecimento científico caminha do visível para o invisível. Mas, a partir de certo momento, o invisível se apresenta como intuição a ser testada por experimentos. Assim, não se pode desprezar a metafísica, pois ela afirma que a realidade última é invisível, mas cognoscível pela razão espiritual.

Os que se contentam com o mundo visível são pobres materialistas grosseiros. Indo um pouco além, há os materilistas dialéticos, que admitem que o substrato material é invisível, isto é, tem natureza cultural. Contudo, os sábios védicos, indo ao extremo, afirmam que a verdade última reside no invisível passível de conhecimento pela meditação profunda.

Desta forma, pode-se afirmar que a teoria de que tudo vem do nada é verdadeira, pois tudo está contido, potencialmente, no nada. Este é o limite entre a vida como nos parece ser e a vida como os sábios védicos dizem que ela é.

domingo, 21 de junho de 2009

A verdadeira humildade

A humildade do fraco pode não ser verdadeira. Para testá-la, é preciso dar-lhe o poder. Mas, uma vez que tenha o poder, pode não querer abandoná-lo mais.

Acredito que a humildade pode ser melhor avaliada quando o "humilde" conquista o poder e dele se abdica em nome dos mais fracos. Gandhi, por exemplo, foi humilde. Não consigo lembrar-me de muitos outros exemplos.