terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O propósito da vida

Para a criança, o propósito da vida é viver. Esse propósito se impõe automaticamente, pois a criança só quer e só sabe viver. Ela tem o impulso de vida e o instinto de sugar tudo ao seu redor para manter-se viva, mas não tem domínio próprio para viver com autonomia. A criança precisa crescer.

Com o tempo percebe-se que só é possível viver, verdadeiramente, se há autocontrole. E isso implica conhecer a si mesmo, ao outro e à natureza. Tais conhecimentos podem ser adquiridos ao longo da vida, um pouco de cada vez. Então, fica parecendo que o verdadeiro propósito da vida é conhecer. E, para conhecer, é preciso experimentar.

Quando vem a maturidade, percebe-se que o tempo de vida não é suficiente para experimentar tudo, e que é preciso, além de aceitar a experiência alheia, aceitar a ignorância como uma realidade inexorável. E isso pode gerar desespero.

O conhecimento profundo, por outro lado, embora deva ser buscado em meio à experiência, não vem diretamente da experiência, nem da lógica, embora ambos sejam parte essencial da vida racional. O conhecimento profundo vem da intuição - que alguns místicos chamariam de revelação -. A intuição, por sua vez, só acontece com quem tem experiência, reflete sobre ela e dedica parte do seu tempo ao ócio criativo.

A mais alta intuição nos leva à ideia de Deus, embora os ateus discordem disso, em parte por causa dos maus exemplos da religião formal. Mas, pelo que se sabe, Deus não é um objeto do conhecimento humano. A Ele só se pode conhecer indiretamente, por meio da paz de espírito infundida pela Sua presença invisível. A paz que vem de Deus, se não vivenciada diretamente, pode ser percebida na vida dos santos e sábios. Ler sobre eles é um bom exercício.

Embora a vida seja permeada por guerra e paz, amor e ódio, entre outras emoções, o seu propósito é descobrir, e então viver na suprema paz do amor de Deus. Isso é viável, embora seja difícil, pois, se a paz de Deus está em todo lugar, ela está, também, dentro do homem. Ela é o verdadeiro tesouro à espera de ser encontrado e usufruído.

Se compreendermos isso, podemos dar à riqueza material o seu devido valor, nem mais nem menos e, assim, transformar tudo ao nosso redor. Pode-se começar limpando e deixando de sujar o ambiente físico e social em torno de nós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário