sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Aprender a aprender

Em nossas vidas sempre precisaremos aprender isso ou aquilo para sobreviver, ou por simples prazer. Sendo as oportunidades de aprendizagem infinitas, não seria viável aprender tudo como especialista, muito menos por meio de cursos. Assim, é preciso aprender a aprender.

Para dominar essa arte, devemos ter um visão muito pragmática do método geral que nos permite aprender qualquer coisa. Minhas reflexões e pesquisas sobre o assunto, levando em conta o que pude pesquisar sobre filosofia, ciência, tecnologia e negócios, apontam para uma sequência universal que, em grandes linhas, é a seguinte: absorver o existente, melhorar o existente e romper com o existente.

Isso é feito pela combinação das faculdades humanas fundamentais do pensar, do sentir, do agir e do comunicar-se, consigo mesmo e com o outro. É necessário, ainda, observar e experimentar para se tirarem conclusões. O exercício consciente dessas faculdades torna-nos estragetistas capazes de analisar e intuir, essa última faculdade sendo uma ingração das demais.

Assim, é preciso aprender fazendo e refletindo. Mas tendo em vista evoluir partindo das situações mais simples para as mais complexas. Eis a habilidade fundamental para desenvolver o potencial humano, individual e coletivamente.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Analogia do homem com a bolha de ar

Assim como Tiago afirmou que a vida é como o vapor que sopra e se esvai, ocorre-me fazer uma analogia entre o ser humano e a bolha de ar. Esta, em ambiente físico-químico apropriado, nasce, cresce e desaparece sem deixar vestígio.

Enquanto existente, as bolhas podem ter alguma utilidade: agregar partículas com características físico-químicas superficiais semelhantes, como ocorre no processo chamado "flotação".

O ar que infla a bolha, estoura-a. Talvez ele possa ser comparado ao orgulho humano. Assim, o homem-bolha existe por pouco tempo e se vai. Mas, conforme creio, sua essência é imortal.

Compreendendo a sua condição, o ser humano pode transformar a realidade ao seu redor visando a tornar a vida cada vez mais digna de ser vivida. O fato de ela ser fugaz não é um empecilho, mas um fator que aumenta a responsabilidade humana.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Aprender a eliminar erros

Segundo Karl Popper, o método em ciência consiste em aprender com a eliminação de erros. Ele também acreditava que toda a vida é um processo de solução de problemas. Adoto o seu ponto de visto.

Se nunca errássemos, nunca aprenderíamos, pois já teríamos nascido sabendo. Assim, é necesário estar atento para eliminar os erros cometidos e, em cada situação, tomar as providências necessárias para que os erros não se repitam.

Para que tal aconteça deve-se desenvolver um agudo senso de observação. As atividades repetitivas devem ser mapeadas e as soluções encontradas devem passar a fazer parte da rotina estabelecida. Sempre tendo em mente que a rotina pode ser aperfeiçoada.

Em função disso, ressalta-se a necessidade de aprender com a experiência alheia, pois não seria viável reviver todas as situações possíveis para aprender tudo, ignorando a experiência histórica. A esse respeito, torna-se importante reservar tempo para a análise da própria história do campo de atuação para evitar repetir os mesmos erros do passado.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Aprender a agir

Somos impelidos, por constituição, a agir: seja de forma reativa, seja de formma pró-ativa. Agimos pelo fato de pensarmos e de sentirmos. Agimos por impulso ou após analisarmos a situação. Agimos diretamente, ou indiretamente, por meio de nossos representantes ou por meio dos estímulos que emitimos.

O agir pode ser uma vivência, imposta pela situação, ou uma experimentação. Agimos por hábitos e costumes adquiridos com ou sem a intervenção de nosso senso crítico. Agimos sob o efeito de fortes emoções ou mediante planejamento conduzido com frieza. Só temos uma possibilidade de desculparmo-nos por nossos erros: a boa intenção.

Se pensarmos demais, não agimos. Se esperarmos sempre a isenção emocional, perdemos as oportunidades de ação. Assim como é preciso aprender a pensar e a sentir, é preciso aprender a agir. Em verdade, é preciso aprender a agir em sintonia com o pensar e o sentir, sob a coordenação da razão crítica.

domingo, 22 de novembro de 2009

O ser humano cresce resolvendo problemas

Abraham Maslow (1908-1970), o grande psicólogo humanista, afirmou que o homem cresce resolvendo problemas. Essa era, também, a perspectiva de Jean Piaget (1896-1980), assim como a de Karl Popper (1902-1994). Para concordar com esses grandes homens basta observar a realidade ao nosso redor. Se não tentamos, não resolvemos problemas. Se não resolvemos problemas, não crescemos.

Maslow foi mais específico: - o ser humano cresce resolvendo problemas em equipe. Entetanto, sabemos que, aparentemente, algumas pessoas não gostam de trabalhar em contato direto com equipes. Mesmo assim elas crescem resolvendo problemas usando a bagagem universal, por meio de consultas à literatura, observação direta ou com seus contatos informais com as pessoas, diretamente, ou em eventos.

Se considerarmos o crescimento desde o nascimento, tem-se o que Jean Piaget denominou de construtivismo. Isto é, ainda que as pessoas imitem umas às outras, todas elas, mesmo quando assimilam conhecimento que vem de foram, agem como construtoras do próprio conhecimento. Se isso é feito com supervisão inteligente, pode-se acelerar a sua autonomia na identificação e mobilzação dos recursos necessários para resolver problemas.

Essa perspectiva, captada de forma inteligente pelos japoneses, levou à formação dos CCQ's - Círculos de Controle da Qualdade - nas empresas. Assim, criaram um mecanismo para a solução de problemas em equipe de acordo com a natureza humana, útil para o crescimento das pessoas e das empresas. Acredito que a transferência dessa experiência para a sala de aula pode aumentar o prazer de aprender a aprender acelerando, assim, a capacitação do ser humano para viver na era conhecimento.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Aprender a sentir

Se podemos aprender a pensar, é preciso aprender a sentir, pois da interação entre o sentir e o pensar é que nasce a ideia do mundo a ser confirmada ou negada pela prática. Essa prática pode ser tanto uma vivência involuntária, ditada pelas condições inerentes à situação, ou experimento planejado.

A vida, conforme acredito, só se justifica pelo sentimento, pois até mesmo o pensamento mais puro contém em si sentimento. Ou não seríamos humanos. Mas ela não pode submeter-se a todo tipo de sentimento de forma passiva. Se considerarmos que a essência mais profunda do ser humano é como o oceano, os sentimentos que se manifestam na sua superfície são como tempestades e ondas. As descargas de sentimentos abalam a superfície e aqueles que nela vivem, mas não as profundezas do oceano.

Entretanto, há movimentos profundos que vêm de vulcões submersos. Eles são os mais difíceis de controlar, mesmo que, algumas vezes, nem cheguem à superfície. Sendo inevitáveis, não há como fugir deles, mas é preciso aprender a conviver com eles. Mesmo nessas situações extremas, para não desanimarmos, vale lembrar a sabedoria popular que diz: - não há mal que sempre dure, nem bem que nunca termine.

Sem aprender a sentir, ou a controlar o que sentimos, não podemos ter dignidade.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Aprender a pensar

Sob certo ponto de vista, ninguém precisa ser ensinado a pensar, pois essa é um faculdade que se impõe ao ser humano. Eu acreditava nisso até os 10 anos, quando aprendi a pensar de forma mais estruturada. Progressivamente, ampliei minha capacidade de pensar de forma conectada com a realidade, apesar de o desespero com a a condição humana ter aumentado quanto mais consciente me tornei.

Pensar é a coisa mais difícil do mundo, disse Henry Ford, devidamente ratificado por alguém que eu tentei estimular a estudar. A pessoa disse-me que pensar fazia sua cabeça doer. Contudo, apesar de não poder dizer que eu seja mais feliz do que essa pessoa, não troco a minha condição pela sua.

O aprender a pensar, hoje, não pode estar desconectado do ciclo da atividade racional produtiva. Mas é preciso deixar algum tempo para pensar sem conexão com a busca de resultados imediatos. Tenho conversado com professores universitários que, de tanto seguir as exigências que lhe são feitas, já não têm tempo para pensar. Tornaram-se escravos na profissão que deveria ser a mais nobre.

É preciso aprender a pensar tendo como foco a produção das condições que tornem a vida digna de ser vivida.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A autodisciplina como condição básica da liberdade

Entre os valores mais prezados pelo ser humano está a liberdade. Por ela mata-se ou morre-se. Na selva, ressalvadas as condições impostas pela natureza, o leão é o animal mais livre, pois não tem medo e pode transformar os demais animais em alimento. Mas na civilização humana a coisa é (deveria ser?) diferente.

O ser humano não pode ignorar o outro, nem a natureza. Sua liberdade pressupõe, portanto, conhecimento. Mas o conhecimento exige que se o busque com autodisciplina. Enquanto isso não acontece, não há liberdade. O ser indisciplinado não respeita e, como tal, precisa de um freio. Ele não economiza e, como tal, precisa ser submetido a restrições de recursos. Ele não cuida de sua saúde e, como tal, torna-se frágil no corpo e na alma.

A educação para a liberdade só é possível, pois, se for uma educação que promova a autodisciplina.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Produção, produtividade e qualidade

As pessoas querem qualidade significando uma vida melhor. Mas, para que todos usufruam de uma vida melhor, é preciso produzir cada vez mais com cada vez menos recursos, principalmente o tempo. Só então a produção em larga escala torna-se possível sem comprometer a saúde do trabalhador e do meio ambiente.

sábado, 7 de novembro de 2009

Sócrates, Platão e Aristóteles

Sócrates, Platão e Aristóteles. Eles estão na base da filosofia ocidental.

Com Sócrates, segundo penso, ainda hoje podemos aprender a arte de perguntar para aferir o grau de ignorância/conhecimento do interlocutor que reivindica sabedoria. Com ele aprende-se, ainda, a arte de ensinar colocando o aprendiz no centro da aprendizagem, como se já conhecesse tudo e precisasse apenas ser lembrado. Essa arte ele chamou de maiêutica. Ela foi usada pelos Estados Unidos, na década de 60, para revitalizar o ensino da física.

Destaco, de Platão, para uso atual, sua classificação dos graus do conhecimento. Ele procurou distinguir a opinião do saber. Para ele, o contato sensível com os objetivos gera resultados práticos, mas não gera conhecimento verdadeiro. O conhecimento iniciar-se-ia com o uso de relações matemáticas, tese que veio a ser defendida e praticada mais tarde por Galileu Galilei e Newton.

O conhecimento mais avançado, para Platão, só seria alcançado no mundo das ideias. O mundo ideal deveria, pois, ser articulado para imitar o mundo perfeito das ideias. Essa sua postura gerou muita confusão, inclusive o racionalismo dissociado da prática. Mas, não creio que a confusão gerada pode ser creditada inteiramente a Platão. Suas ideias a esse respeito, na minha opinião, estão na raiz do método científico de Einstein.

De Aristóteles, entre as suas muitas contribuições, ressalto que ele ultrapassou a mera especulação e dedicou-se à pesquisa direta da natureza. Em termos teóricos fundamentais, destaco o seu trio: potência, ato, movimento. A partir desse trio, pode-se dizer, por exemplo, que tudo que existiu, existe ou existirá, sempre existiu em potencial. Entretanto, somente pelo movimento, sob condições apropriadas, o que existe em potencial pode ser atualizado. Esse fundamento intuitivo pode, com moderação, ser usado para o debate sobre liberdade versus responsabilidade do ser humano.

A esse respeito poderíamos dizer, com Abraham Maslow, que todo ser humano, para atualizar o seu potencial, precisa ser submetido às condições que o levem a isso. Suas necessidades básicas devem ser satisfeitos durante o processo, e para que o preocesso de atualização se realize. As capacidades, como disse Maslow, clamam para ser usadas, e não cessam o seu clamor enquanto não forem completamente usadas.

É preciso revisitar as ideias centrais de Sócrates, Platão e Aristóteles se quisermos compreender e transformar o mundo com bom senso. Os erros que decorreram das interpretações dos mesmos, especialmente das interpretações de Platão e Aristóteles, são bem conhecidos, e podem ser eliminados. Assim, pode-se promover uma nova abordagem construtiva à realização do potencial humano, sobretudo se adotarmos uma visão racional crítica, como a propostra por Karl Popper.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O potencial de cada um

Cada pessoa foi criada como um ser único. Seu potencial está oculto e, para o observador externo, é indeterminado. Assim, só pode ser conhecido depois de realizado.

Ontem conheci uma senhora que se julga completamente feliz. Disse-me que tem tudo de que necessita: dormir bem e ter a conscência limpa. Quanto aos recursos materais, ela disse estar safisfeita com o que tem. Sua atividade principal: vender água de côco.

Ao mesmo tempo, alguém comentou que feliz mesmo deve ser o Eike Batista, pois conseguiu juntar bilhões de dálares só com a imaginação. Produzir mesmo, ainda não produz quase nada. Por outro lado, foi lembrado que ele está satisfeito apenas virtualmente, pois não há como consumir os recursos que tem.

Outro amigo lembrou-me da grandeza de Einstein, que descobriu fantásticos segredos do Universo. Fizemos uma lista de pessoas que realizaram grandes coisas sem sequer possuír diplomas do ensino fundamental. Outras que, estudando muito, conseguiram diplomas em instituições famosas, igualmente realizando grandes feitos.

Ficou claro que o potencial de cada está sempre em aberto, e que, a qualquer momento, seus feitos podem se mostrar fantásticos caso o ambiente seja apropriado. Mas, o grande potencial de felicidade não está ligado a grandes feitos. E isso dá sentido e esperança às pessoas comuns.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Felicidade e verdade

Certo filósofo foi desafiado a discursar sobre se a felicidade ou a verdade deveria vir em primeiro lugar nas precupações do homem. Alguns dos seus argumentos centrais são apresentados a seguir.

Todo ser humano busca, em última análise, a felicidade; tudo o mais a isso se subordina, disse o filósofo, evocando Aristóteles. Entretanto - ressaltou -, não se pode ignorar o brilhante argumento de Bertrand Russel a respeito. Ele defendeu que o sentimento de felicidade pode decorrer do desconhecimento da verdade, como é o caso do peru que, ingenuamente, sente-se muito feliz por ser bem cuidado até um dia antes da ceia de natal.

Conhecer a verdade, contudo, não está ao alcance do peru, pois sua natureza não é racional. Quanto ao ser humano - argumentou o filósofo -, se ele depositar a esperança de felicidade neste mundo, melhor seria viver iludido, como o peru, pois de nada adiantaria saber a verdade se ele não tiver como mudar o seu destino.

Se materialista dialético, a verdade poderia libertar o homem não sob a perspectiva individualista, mas sob a perspectiva da Humanidade. A realização do potencial da Humanidade traria a liberdade possível para muitos, desde que ouvesse desalienação do homem escravizado pelo homem, diretamente, ou por meio da cultura por ele mesmo criada. Assim, a verdade libertaria o homem da ilusão, trazendo, num primeiro momento, sofrimento. Mas, em seguida, travando a luta de vida ou morte, deixaria a possibilidade da felicidade para a Humanidade, num futuro remoto. E, até mesmo, a felicidade encontrada no ato de lutar pelo ideal vislumbrado pela razão.

Já o homem que acredita na sua transcendência, disse o filósofo, não se importaria muito com a felicidade aqui na Terra. Embora pudesse lutar por ela, sua busca última seria pela verdade final, depositária da felicidade eterna. Seu sofrimento aqui, seja ele escravo ou homem livre, é passageiro, assim como sua felicidade.

Conclusão: tanto a felicidade como a verdade podem ser tomadas como o objetivo principal do ser humano. Isso depende, em última análise, de sua fé: 1) se for natural, como a do peru, qualquer coisa serve; 2) se for na predestinação absoluta, qualquer coisa serve; 3) se for no materialismo dialético, vale a pena lutar pela Humanidade, ainda que com o sacrifício pessoal imediato; 4) se for na transcedência, pode-se combinar a busca da felicidade e da verdade nesta vida, mas com a certeza de que ambas só poderão ser plenamente encontradas na outra vida. Neste último caso, verdade e felicidade se equivalem.

domingo, 1 de novembro de 2009

Vencer ou vencer-se?

Há quem tenha paixão por vencer. E vence. Mas há quem tenha paixão por vencer-se. E raramente vence.

Para vencer-se é preciso autoconhecimento. Mas essa tarefa é gigantesca. Olhando para o interior de si mesmo, o ser humano percebe que seu inimigo está escondido e sempre à espreita: o seu inconsciente. Ele não pode ser combatido diretamente por atos de força. Sua sutileza exige sutileza ainda maior da razão.

Do interior do homem brotam as paixões violentas e sedentas de satisfação. O prazer decorrente da descarga emocional é intenso, embora passageiro e destruidor na sua passagem. Mas é esse prazer imediato que torna tão difícil o combate.

Vencer a si mesmo: eis o maior desafio!