terça-feira, 21 de agosto de 2012

A grandeza do homem

Para efeitos educacionais, é preciso ter uma clara visão sobre o que torna o homem grandioso ou vil. O materialista vulgar não tem dúvida de que a grandeza do homem está na quantidade de poder e de bens materiais que acumula. O espiritualista também não tem dúvidas de que a grandeza do homem reside na sua capacidade de dominar os seus desejos. Entre os dois extremos está o homem que acredita que a grandeza está em conhecer cada vez mais, e agir de acordo com o conhecimento adquirido. 

A História apresenta exemplos importantes de pontos de vista sobre esse tema. Para os grandes ditadores, como Hitler e Stalin, a grandeza estaria na força para dominar. Para sábios como Platão, a grandeza estaria na capacidade de conhecer e de fazer justiça. Para líderes religiosos, como Jesus Cristo, a grandeza consiste em usar o poder para servir ao próximo.  

Alexandre, o Grande, admirou Diógenes, o filósofo que vivia na pobreza material em meio a grande riqueza espiritual. Sartre, inteligente e ateu, afirmou que “entre o príncipe guerreiro e o bêbado na sargeta, a única diferença é que o príncipe é mais agitado”, não reconhecendo grandeza em homem algum. Ele recusou-se a receber o Prêmio Nobel de Literatura para não referendar a autoridade de um grupo de pessoas de decidir sobre quem é melhor do que quem.  São Francisco de Assis desistiu de sua riqueza para levar uma vida de pobre entre os mais pobres. Esses exemplos nos induzem a admitir que a grandeza ou vileza do homem depende de suas crenças fundamentais.

O sábio típico da sabedoria vedanta afirmava que a  grandeza  reside no Eu verdadeiro que, abstraindo-se da prisão dos sentidos, recolhe-se a si mesmo para viver em harmonia com o Deus único. Entretanto, ao serem imitados por homens ignorantes, abriu-se perspectivas para aqueles que, não tendo encontrado a si mesmos, nem a Deus, optaram pela inatividade e, com isso, passaram a viver uma vida material miserável sem alcançar riqueza espiritual.  Já o capitalista selvagem via grandeza em conseguir mais um dólar na vida a cada momento. Alguns dos mais ricos deles morreram como miseráveis espirituais, só demonstrado o seu valor, como o porco, depois de mortos.

Em Sócrates, vemos sinais de grandeza no filósofo que, considerado o mais sábio do seu tempo,  afirmava que sua única vantagem, se tivesse alguma, era saber que nada sabia. Matsushita, o empresário-filósofo japonês, deu exemplo de grandeza ao superar  suas deficiências de escolaridade formal, tendo se tornado empresário bem-sucedido e exemplo de moralidade sadia. Embora tivesse direito a exigir, pelo costume, que as pessoas se inclinassem diante de sua passagem, ele próprio se inclinava diante das pessoas mais humildes. Sob sua liderança, trabalhadores analfabetos foram transformados em inventores.

Sou levado a concluir que a grandeza do homem está em servir mais quanto mais poder tenha. Em socorrer os necessitados e levar conhecimento aos ignorantes. Em envergonhar os arrogantes e orgulhosos e promover o crescimento das pessoas humildes. Os que assim fizeram permaneceram na memória dos homens como modelos a serem seguidos, enquanto os homens autocentrados foram esquecidos, ou são lembrados apenas pelo mal que fizeram. A grandeza do homem, portanto, está em buscar o equilíbrio entre o ser e o ter e,  em última análise, fazer realizar em si aquilo que, potencialmente já é. O potencial de vida, não o de morte.