sexta-feira, 23 de abril de 2010

A comunicação empática

A comunicação empática é aquela na qual o outro é respeitado, quando na posição de ajudado, ou ambas as partes se respeitam na busca de compreensão mútua. Se uma das partes está na posição de ensinar, ela se comunica de forma que o outro aprenda por si mesmo. Se ambas as partes estão em igualdade de condições, elas dialogam entre si para compreender a realidade visando a transformá-la juntos.

A comunicação empática pressupõe o repeito pelo outro, dando-lhe, inclusive, o direito de cometer erros honestos durante o processo. As regras gerais para tal já foram elucidadas por psicólogos e psicanalistas. Entre esses profissionais, destaca-se Carl Rogers, que estudou a comunicação empática visando a criar relações humanas produtivas. Existem pelo menos quatro regras para que a comunicação gere os melhores resultados.

A primeira regra consiste em ouvir o outro sem preconceitos. Mas isso não é fácil, pois a fala do outro pode chocar-se contra nossas crenças mais profundas. Um exemplo dessa dificuldade pode ser vista quando pessoas em lados opostos, como os radicais de esquerda e de direita, tentam conversar. Geralmente eles não estão dispostos a ouvir, pois partem do pressuposto que são inimigos irreconciliáveis.

A segunda regra consiste em compreender o que o outro está dizendo. Isso implica prestar atenção não só às suas palavras, mas, sobretudo, aos seus gestos aparentemente mais insignificantes. Há necessidade de solicitar retorno sobre a interpretação atual, confirmá-la ou negá-la, e insistir até que ambos estejam de acordo sobre o significado de alguma mensagem, ainda que tenham posições opostas a respeito. Isso é desgastante, mas necessário.

A terceira regra consiste em valorizar as posições do outro com as quais se concorda. Isso dá ao outro a segurança de que está sendo respeitado, ao invés de estar sendo julgado. Entretanto, a comunicação deve ser buscada para se chegar à verdade, o que exige um fechamento do ciclo do diálogo.

A quarta regra consiste em concluir, inclusive destacando os pontos que não ficaram bem esclarecidos e aqueles em relação aos quais não há concordância. Assim, fecha-se um ciclo, porém deixando margem para pesquisas futuras e novas tentativas de compreensão mútua.

Acredito que, excetuando os casos em que os implicados se veem como inimigos irreconciliáveis, há margem para melhorar o processo de se criarem soluções comuns, de forma colaborativa. E isso depende de se dominar o processo da comunicação empática.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

A comunicação animal

A comunicação animal é aquela que visa a gerar no ser humano um comportamento animal, isto é, sem visão crítica. Isso vale tanto para sociedades abertas - Estados Unidos, por exemplo - quanto para sociedades fechadas - Cuba, por exemplo -.

A única meta é produzir, no animal que está dentro de cada um, um comportamento que esteja de acordo com o interesse do cumunicador: um voto favorável, o fechamento de uma compra, um determinado comportamento moral. Para isso, apela-se para os instintos mais básicos por meio de mensagens explícitas ou subliminares.

Vi essa comunicação, quando era permitida, em relação ao cigarro. Ele era associado a status, saúde e poder individual. Mas hoje sabemos que é fonte de doenças. Uma empresa chegou a associar bebida alcoólica ao sexo fácil e gostoso, e ainda acrescentou, explicitamente à propaganda "do jeito que o diabo gosta", para excitar os jovens rebeldes.

Visitei um Supermercado que está fazendo muito sucesso com seus diferenciais de atendimento a uma classe de alto poder aquisitivo. Lá, vi a comunicação animal na sua forma mais inteligente. Os produtos são expostos de forma a criar "água na boca", muitas vezes em pequenas embalagens com fundo de isopor. Como sabemos, o isopor é fatal para o meio ambiente.

O resultado da comunicação animal é a formação de mentes robotizadas. Elas se tornam consumidoras dos recursos da Terra, agindo como minhocas que transformam tudo em alimento, e deixando atrás de si buracos e dejetos. Imagino que essa orgia de consumo fácil chegará ao seu limite de maneira natural e catastófica.

Os animais, ao final, serão abandonados e circularão por ai como zumbis famintos e sujos. A situação precisa ser revertida em prol de um Planeta sustentável.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

As três forças primárias que movem o homem

As ações humanas têm três forças primárias que as causam: o instinto, a imaginação e o conhecimento.

Pelo instinto, o organismo é levado a realizar os impulsos biológicos relativos a: fome, excitação sexual, sentimento de propriedade, entre outros. A ação decorrente pode ser do tipo cega, ou estruturada pelo intelecto. No primeiro caso o homem age como um cão abandonado e, no segundo, como uma raposa.

Pela imaginação, cria-se a situação virtual desejada no futuro, seja na Terra, seja no Ceu. A partir dai, entra o intelecto em ação, de forma pragmática, para construir o sonho. Eventualmente, mediante avaliação de cada ação, o próprio sonho é remodelado a partir das possibilidades que se manifestam na situação concreta. Nesse nível de existência, o homem se torna um negociante, mesmo quando é religioso.

Quanto à ação orientada pelo conhecimento, o homem busca descobrir as leis que devem determinar o seu comportamento e, à medida que as descobre, segue-as. Neste caso ele não negocia. Apenas cumpre suas obrigações, ainda que estas sejam desagradáveis num primeiro momento.

Essas três forças agem simultaneamente no homem. Sua evolução rumo à realização do seu potencial espiritual dá-se à medida que prevalece sua tendência de agir com base no conhecimento profundo da realidade. Enquanto caminha visando a descobrir a Verdade, move-se com fé, amor e esperança, pois, como ser finito, seu conhecimento será sempre incompleto.

PS: Homem = Ser Humano.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O professor perfeito

Na minha opinião, o professor perfeito pode ser encontrado entre os que ensinam as primeiras letras, gerando no aluno o prazer de aprender, e entre os que têm foco no ensino da arte de aprender, preparando autodidatas.

Dona Iêda foi minha professora perfeita. Ela me ensinou a ler, a escrever e a fazer as quatro operações quando eu já tinha cerca de 10 anos. Desde então, cresci com o apoio de bons professores, mas, sobretudo, como aprendiz autônomo.

Conheci um professor, na UFMG, que conseguiu ensinar-me sem sua presença. Suas apostilas de matemática eram tão boas que consegui aprender sozinho uma matéria na qual os melhores alunos se davam mal, mesmo tendo aulas presenciais com outros professores.

Julgo ter atingido o nível mais alto quando um professor, sem formalismos, ensinou-me metodologia de pesquisa. Ele não estava preocupado com a capacidade de respostas do aluno a questões de prova, mas em transfomá-lo em pesquisador num sentido bem prático.

Contudo, o professor que mais me impressionou mobilizou alunos para aprender, por conta própria, um assunto que o próprio professor não dominava. Seu papel consistiu em repassar para o aluno o método que havia sintetizado a partir dos seus professores perfeitos e de sua própria experiência como praticante e pesquisador do processo de ensino-aprendizagem. Deu muito certo.

Acredito que seja possível revolucionar o ensino-aprendizagem no Brasil. Basta preparar professores que saibam fazer com que o aluno aprenda, de preferência fora da sala de aula. Assim, o professor poderá dedicar mais tempo àqueles alunos que têm motivos especiais para depender do seu apoio presencial.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Consciência limpa

Quando o homem toma consciência de si mesmo, percebe logo a fragilidade de sua existência material. Compreende que, por necessidade biológica, seu organismo luta apenas pela sobrevivência, ignorando o sentido da vida. Nesse nível animal inferior de existência prevalece o pragmatismo visando a resultados imediatos.

Entretanto, ao tornar-se consciente de sua miséria, o homem pode perceber a grandeza escondida no seu interior. Nessa tomada de consciência evidencia-se a luta entre o eu - ego - e o Eu - o Espírito. A luta é grandiosa, deixa um campo devastado diante de si, mas o Eu será o vencedor da guerra, embora possa, aparentemente, perder algumas batalhas.

Quando o Eu se impõe ao eu, finalmente tem-se um sentimento de profunda paz. Nos momentos em que usufrui dessa paz, o ser percebe que não há diferença entre um torrão de barro e uma barra de ouro de várias toneladas. O dinheiro passa a ser apenas um objeto facilitador das transações necessárias ao bem-estar material. O verdadeiro poder passa a ser visto como o poder de servir ao próximo.

Pode-se, nesse estado, perceber a igualdade fundamental entre todos os seres humanos, sem necessidade de ideologia. A tarefa da transformação passa a ser criar um ambiente apropriado a que outras pessoas acordem para essa realidade. O trabalho individual e coletivo para a limpeza e a ordenação física e social cria condições para o diálogo que estimula a busca da limpeza interior.

O objetivo final é adquirir uma consciência limpa e ordenada, o maior tesouro que o homem sadio pode desejar.

sábado, 3 de abril de 2010

Palavras, imagens e sons

De certa forma, somos reféns de palavras, de imagens e de sons. Talvez isso seja melhor do que sermos reféns da força bruta, mas precisamos tomar cuidado. Esses ingredientes falam diretamente ao inconsciente, e podem acionar sentimentos e ações muito antes que o senso crítico entre em ação.

Os que dizem estar do lado do bem - e quem não diz? - assim como os que representam o mal - quem assume?-, agindo prioritariamente em benefício próprio, tentam ganhar nossos corações e mentes. Suas armas são palavras e imagens com fundo musical programado sob medida. Ambos se apresentam como campeões da lógica, mas agem sabendo que somos mobilizados mais pela emoção.

Hitler explicou, no seu livro Minha Luta, como fazia para influenciar corações e mentes. Ele usava palavras - principalmente via discursos ao vivo -, imagens e sons, sob condições pouco favoráveis à análise crítica. Quanto às pessoas que tinham crenças fortes e contrárias às suas, ou que ousavam pensar, ele preferia eliminá-las fisicamente.

Os marketeiros sabem como funciona o cérebro. Suas técnicas colocam em ação as grandes descobertas a esse respeito, venham elas da guerra ou da psicologia científica. Como ovelhas pastoreadas por lobos famintos, resta-nos tomar conhecimento de como tentam nos manipular. Principalmente nas eleições que se avizinham.

Quanto àqueles que querem os nossos corações e mentes, não prestemos atenção no que eles dizem. Analisemos meticulosamente o seu passado. Devemos deixar claro que conhecemos suas técnicas.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Garantia de qualidade na aprendizagem

A ciência da qualidade nos ensina a trabalhar. Ela pressupõe que tenhamos uma meta, que pesquisemos os meios existentes para atingi-la, e que experimentemos esses meios. Se não há tecnologia corrente para atingir a meta desejada, ela nos incita a pensar até encontrar as ideias inovadoras que valha a pena testar. Essas ideias podem nos ocorrer da forma mais estranha, inclusive em sonhos ou por analogia com fenômenos naturais.

O importante é que saibamos exatamente o que queremos e que insistamos até certo ponto, quando, em função do nosso tempo ou recursos disponíveis, decidamos que nossa meta não é adequada e desistamos dela. Isso funciona para qualquer coisa, desde o desenvolvimento de um produto até o desenvolvimento de um negócio completo. Funciona, também, para o processo ensino-aprendizagem. Mas parece que o sistema de ensino ainda não aprendeu a arte de ensinar. Nem aprendeu como os alunos aprendem. Assim, deixa de aplicar métodos já provados efetivos na ciência, na produção e nos negócios, pois também não acredita em analogias.

O sistema educacional poderia passar por uma verdadeira revolução na aprendizagem e no ensino se pensasse estrategicamente. E isso implica avaliar o tempo todo quais são as metas a serem atingidas com o processo educacional, quais são os meios que já se mostraram efetivos universalmente, e em que situações os meios deveriam ser contextualizados para atender a necessidades específicas. Mas é preciso deixar para trás a mania de dar provas cuja função é punir os que não aprenderam, e partir para usar a prova como um meio de idenfificar quem já aprendeu, quem precisa de mais apoio ou quem está defasado em termos de capacidade de aprendizagem para sua idade.

Assim, os temas a serem ensinados deveriam ser muito bem selecionados, diminuindo considervelmente o excesso de matérias. Cada tema, em função de sua importância, deveria ser abordado até que todos os alunos capazes possam compreendê-lo. Aqueles que aprendem mais rápido devem ajudar os colegas com dificuldades, até que toda a classe tenha o domínio suficiente do tema. Mas isso implica, como já foi dito, priorizar os temas.

Os gerentes e líderes do sistema educacional precisam estudar a ciência da qualidade.

A verdadeira riqueza

Li num jornal que um político muito rico está senil e que o seu espólio está sendo a causa de todos os males pelos quais sua família está passando no momento. Seus filhos e filhas não só brigam entre si pessoalmente e por meio da justiça. Eles se ameaçam de extinção física mútua.

Circulei pela cidade, de taxi, e pude conhecer alguns tipos interessantes: 1) um taxista zangado por trabalhar para terceiros; 2) um taxista feliz por ter a oportunidade de trabalhar para terceiros ao invés de ficar desempregado; 3) um taxista feliz com sua esposa; 4) um taxista infeliz com sua esposa; 5) um taxista muito feliz com sua vida.

Percebi que é verdadeiro aquele ditado de algum antigo filósofo que diz: - "Rico não é o que mais tem, mas o que de menos necessita". Percebi, ainda, que, disponiveis as condições básicas de sobrevivência, a riqueza verdadeira se manifesta àqueles que têm uma vida espiritual satisfatória.

A verdadeira riqueza está no interior do homem. A riqueza material,embora útil, se bem usada, pode ser tomada pelo ladrão, ou consumida rapidamente pelos herdeiros. É comum que ela seja causa de brigas violentas entre irmãos.