sexta-feira, 25 de junho de 2010

Em busca da autorrealização

Como todo organismo vivo, o homem tem necessidade de sobreviver, crescer e perpetuar.

Na luta pela sobrevivência, ele necessita de garantir os meios de satisfazer suas necessidades fisiológicas: alimento, vestuário, sexo e habitação, entre outras. O seu crescimento sadio necessita que ele tenha segurança de que suas necessidades fisiológicas serão satisfeitas sempre que se manifestem. Acrescente-se a isso suas necessidades de compartilhar a alegria de viver.

Contudo, o homem não se sente pleno, nem enxerga o futuro, se não realiza aquilo para o qual nasceu. E isso, como conceituou o psicólogo humanista Abraham Maslow, é autorrealização. Segundo Maslow, as capacidades clamam para ser usadas, e não cessam o seu clamor enquanto não forem completamente usadas. O que o homem é em potencial precisa tornar-se realidade no movimemto dinâmico da vida. Se isso não acontecer, ele não alcança a saúde mental plena. Porém, há um sentido ainda mais profundo de autorrealização: o perpetuar a existência plenamente satisfatória além deste mundo relativo.

Há algumas pessoas que não sentem essa necessidade suprema de autorrealização, mas creio que a maioria não poderia sequer viver em paz se essa possibilidade não se lhes afigurasse como a mais cristalina realidade. Sob essa perspectiva, a autorrealização conceituada por Maslow é apenas uma antecipação tosca da verdadeira autorrealização. E isso não é apenas uma opinião. É, ainda, mais do que uma crença em seu sentido fraco. É uma questão de fé - busca ativa da realidade invisível - que antecede o conhecimento prático dessa realidade.

Entendo que todos somos "predestinados" a essa busca, uns mais outros menos. Entendo, ainda, que, no processo de busca, alguns ficam confusos e se perdem no ceticismo e no agnosticismo. Mas creio que todos, ao final, serão obrigados a seguir esse caminho, pois isso lhes foi infundido na essência espiritual.

Assim, viver na Terra, buscando paz e prosperidade, é legítimo. A natureza possui os tesouros escondidos. O homem possui, dentro de si, os mecanismos para explorar esses tesouros. Mas, o verdadeiro tesouro transcende a realidade aparente na qual vivemos. Ele está no campo do espírito invisível e imortal. Quem descobre isso, vende tudo o que tem e investe todos os seus recursos na busca do tesouro imperecível.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Educação para a vida

A educação sistemática visa, no meu entendimento, a acelerar a capacidade de resolver os problemas que os educandos encontrarão pela vida. Como nunca se sabe quais os problemas que cada um enfrentará na prática, deve-se dar a todos os educandos os instrumentos mais gerais para que possam lidar com problemas de forma genérica, mas sempre exemplificando a solução de problemas específicos.

Entre os problemas mais comuns que as pessoas encontram pela vida, citam-se, entre outros: como conquistar e manter uma boa saúde; como tornar-se indepente financeiramente; como compatibilizar os interesses pessoais com o interesse coletivo. Entretanto, chamou-me a atenção o problema central da saúde.

Creio que não adianta antecipar nenhum tipo de sofrimento quanto à questão da saúde. Por outro lado, não é sábio deixar que os jovens cresçam totalmente despreparados para enfrentar essa realidade. O primeiro Buda, segundo consta da tradição, foi protegido da visão dos males do mundo e, por isso mesmo, ao ter contato com eles, entrou em profunda crise existencial. No seu caso parece que isso foi bom para a humanidade, pois estimulou-o a buscar o conhecimento profundo de si mesmo.

Ao visitar um Hospital, verifiquei que o câncer, por exemplo, não faz acepção de pessoas. Qualquer um pode ser a vítima. Vi o fumante com câncer no pulmão, e o alcoólatra com cirrose. Mas vi que o abstêmio, embora em menor escala, não está livre do câncer típico do fumante e do alcoólatra. Assim, é necessário precarver-se, mas não há garantia de que isso seja suficiente.

O remédio mais efetivo contra as doenças consiste em, além de se tomarem os cuidados necessários para a preservação da sáude, aprender a tornar-se imune ao medo da morte. E esse preparo deveria, em minha opinião, fazer parte da educação. Uma educação para a vida não pode ignorar que o homem nasceu para morrer.

A educação do homem integral deve levar em consideração a compreennsão das condições da existência. O trabalho, a saúde, o respeito pelo outro e pela natureza devem ser incentivados lado a lado com o ensino da leitura, da escrita e do empreendedorismo, entre outros aspectos. Como pano de fundo, a filosofia, a história das religiões e o domínio do método científico devem compor o grande quadro da educação para a vida.

Não basta formar o especialista. É a formação do homem integral que está em jogo. Os cidadãos precisam ter uma visão sistêmica da vida e, sobretudo, aprender a resolver os problemas típicos da existência.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Disciplinados pela dor

Quem não se autodisciplina, de alguma forma é disciplinado. Algumas vezes pela dor.

Ao acompanhar um parente no setor de oncologia do Hospital das Clínicas da UFMG, ouvi uma interessante história que ilustra a situação.

Um dos pacientes, que impressionava pela compleição física, disse que estava saindo vencedor de uma luta de cerca de dois anos contra um câncer considerado intratável.

Ele fora várias vezes desenganado pelos médicos. Numa delas até o enfermeiro correu dele quando percebeu que, após ter sido dado por morto, recuperou-se completamente e foi capaz de chamá-lo pelo nome.

A lição de disciplina pela dor contada pelo paciente: - Antes da doença, ninguém podia pisar no meu pé. Eu achatava o adversário com um murro certeiro. Com a doença, percebi que não sou ninguém. Amansei.

Esse paciente, de histórico de brutalidade, estava muito feliz. Conversava com outro paciente que também se considerava fruto de um milagre.

Ambos gargalhavam ao contar suas histórias. Diziam que, apesar das dores, já estavam com saudade do ambiente do Hospital, pois ali fizeram muitos amigos e aprenderam o seu verdadeiro lugar no mundo. Ambos reconheceram ter sido disciplinados pela dor.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Minha aprendizagem com o Prof. Élcio Coelho

O que aprendi com o Professsor Élcio Marques Coelho, sepultado no dia 28/05/2010, em Belo Horizonte:

1. o respeito à individualidade;
2. que a única coisa que vale a pena na escola é ensinar o aluno a ser autodidata. Para isso ele precisa reaprender a ler como pesquisador;
3. que a engenharia consiste, em sua essência, em pesquisar e comunicar o resultado da pesquisa;
4. que é preciso aprender a fazer analogias e estar pronto para aprender com qualquer área do conhecimento;
5. que qualquer um pode adquirir o nível de mestre ou doutor, desde que aprenda a pensar e a experimentar;
6. que não adianta se estressar, pois a vida tem o seu próprio rítmo e não nos leva em consideração nos seus planos.

Perdi um amigo, mas suas lições são eternas. Como professor, procuro transmiti-las aos meus alunos para que eles acelerem sua formação profissional e humana.

Muito obrigado pelas lições, meu amigo.

Que Deus o acolha alegremente.