sexta-feira, 4 de junho de 2010

Disciplinados pela dor

Quem não se autodisciplina, de alguma forma é disciplinado. Algumas vezes pela dor.

Ao acompanhar um parente no setor de oncologia do Hospital das Clínicas da UFMG, ouvi uma interessante história que ilustra a situação.

Um dos pacientes, que impressionava pela compleição física, disse que estava saindo vencedor de uma luta de cerca de dois anos contra um câncer considerado intratável.

Ele fora várias vezes desenganado pelos médicos. Numa delas até o enfermeiro correu dele quando percebeu que, após ter sido dado por morto, recuperou-se completamente e foi capaz de chamá-lo pelo nome.

A lição de disciplina pela dor contada pelo paciente: - Antes da doença, ninguém podia pisar no meu pé. Eu achatava o adversário com um murro certeiro. Com a doença, percebi que não sou ninguém. Amansei.

Esse paciente, de histórico de brutalidade, estava muito feliz. Conversava com outro paciente que também se considerava fruto de um milagre.

Ambos gargalhavam ao contar suas histórias. Diziam que, apesar das dores, já estavam com saudade do ambiente do Hospital, pois ali fizeram muitos amigos e aprenderam o seu verdadeiro lugar no mundo. Ambos reconheceram ter sido disciplinados pela dor.

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