quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O trabalho produtivo e o trabalhador realizado

Há uma missão implícita em toda organização humana: servir. Seu direito à existência está condicionado à realização dessa missão. Se não o fizer, a própria sociedade civil se incumbirá de restringir-lhe ou de impedir-lhe o direito de existir, inclusive mudando a natureza do sistema de organização social vigente.

Entretanto, visto sob a perspectiva genérica do ser humano, pode-se dizer que a missão da organização humana em geral é tornar o trabalo produtivo e o trabalhador realizado. A riqueza potencial foi herdada pela homem, e está na natureza exterior e interior a si. Sua exploração exige a organização do trabalho, combinando-se o talento individual com o trabalho coletivo.

O crescimento humano, ou a transformação do homem natural em homem civilizado, depende do trabalho. Mas o trabalho que lhe permita realizar o que há de melhor em sua natureza. Sob o ambiente apropriado, o homem descobre-se dependente do outro. Ele percebe sua dependência da natureza e, ao mesmo tempo, percebe-se parte da natureza e, no seu íntimo, transcendente a ela.

O trabalho precisa ser produtivo para que o homem tenha tempo para conhecer-se melhor e viver e explorar a vida junto com o outro. Ele precisa saber usar o tempo e, enriquecendo-se, saber usá-lo da forma reflixa preconizada pelos grandes filósofos. No limite, poderá transcender a perspectiva da vida na Terra, e expandir sua contemplação à vida do espírito transcendente às condições da vida material.

Assim, trabalhando de forma produtiva, o homem aprende a viver. E isso implica realizar-se. Ele pode sentir a alegria do trabalho bem feito, a alegria de partilhar o seu trabalho, e a alegria de "comer o pão com o suor do próprio rosto". O trabalho, sob essa perspectiva, é um ingredinte vital da saúde mental. E a saúde, como dizem os dicionários, significa, entre outras coisas, salvação e conservação da vida.