quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Quando o sucesso se torna um fracasso

A escola tem procurado motivar os alunos com a ideia de que estudar é necessário para que se tenha sucesso na vida. Esse pressuposto soa estranho para alguns alunos, posto que os professores consideram-se, geralmente, mal-sucedidos na vida.

Verifiquei isso pessoalmente em Manaus, quando lá estive em 2002. Uma professora reclamou que ganhava menos do que um aluno seu que vendia pipoca na rua. Sua alegação de que estudar é a base do sucesso ficou sem crédito.

Contudo, as estatísticas mostram claramente que os trabalhadores de mais alta escolaridade têm salários significativamente maiores do que os dos demais. Mas, pode o sucesso ser medido apenas pelo retorno financeiro? Sabemos que os maiores corruptos geralmente têm diploma universitário.

Como lembrou-nos Chesterton, "É perfeitamente óbvio que em qualquer ocupação decente (tal como assentar tijolos e escrever livros) há somente dois modos (em qualquer sentido especial) de obter sucesso. Um deles é fazer um trabalho muito bom, o outro é trapacear."

Um dia desses uma pessoa que ocupa um importante cargo no Ministério da Educação afirmou, em reunião privada, que teve de se prostituir para garantir o seu sucesso acadêmico. Neste caso, a pessoa afirmou que teve de montar um sitema de produção de artigos, e esquecer a verdadeira educação.

Com esse critério de sucesso, o professor não pode pensar em formar o homem integral. Ele precisa fazer trapaças para atingir os números que lhe farão ser considerado altamente produtivo e merecedor de menções e bolsas especiais.

Sob quase todos os aspectos a busca sistemática do sucesso leva ao fracasso moral. É preciso, pois, partir de princípios mais sólidos para que a vida não seja desperdiçada. O sucesso, se atrelado apenas ao aumento do poder de consumir e sentir-se mais importante do que o outro é, na realidade, um grande fracasso.