terça-feira, 4 de agosto de 2009

Jesus Cristo , Marx e Freud

Aparentemente nada há em comum entre Jesus - o Cristo -, Marx e Freud, além do fato de terem influenciado a forma de pensar da Humanidade em larga escala.

Jesus não só acreditava em Deus, como se dizia Seu Filho único e, como tal, foi aceito pelos Cristãos. Marx, ao contrário, repudiou o Deus da religião como a principal prisão que isola o homem de sua grandeza inerente. Freud era um ateu que, como cientista, deixava margem para estar errado quanto à sua crença. Ele afirmou que a teoria marxista partia do pressuposto de que a justiça econômica traria paz e hormonia entre os homens, enquanto a psicanálise deixava claro que o homem tem, dentro de si, o potencial de ter prazer no sofrimento do próximo independente de sua condição econômica.

Os três personagens, por mais incompatíveis que fossem, pregavam que só a verdade liberta. Os três acreditavam no amor genuíno, assim como no valor do trabalho. Todos eles acreditavam que, na Terra, o critério final da verdade expressa no pensamento concretiza-se apenas na prática. Contudo, Jesus ensinava que o lugar definitivo da felicidade que vem do conhecimento da verdade era ao lado do Deus Pai, e que ele (Jesus) era o Caminho para se chegar lá. Já Marx e Freud acreditavam que tudo que o homem pudesse conseguir, de bom ou de ruim, encerrava-se aqui mesmo na Terra.

A salvação, para Jesus, era uma questão individual, mas do indivíduo comprometido com Deus e com o seu próximo. Para Freud tudo se resumia à saúde mental, igualmente do individuo inserido na sociedade. Para Marx, a saúde do indivíduo estava rigidamente solidária à saúde coletiva dos trabalhadores unidos contra os seus exploradores capitalistas. As três visões de mundo geradas pelas ideias/doutrinas desses três gigantes são consideradas mutuamente excludentes pelos seus adeptos ortodoxos. Já os adeptos heterodoxos são acusados de unir tais doutrinas incompatíveis formando uma doutrina sincrética e herética infiltrada.

Embora os três propusessem que era necessário compreender para transformar, Jesus proponha a transformação imediata pela fé geradora da paz que ultrapassaria todo entendimento. Sendo essa fé depositada em Deus, e não no Homem, ela seria a fonte do amor, capaz de transformar as condições de vida de dentro para fora, ainda que as condições exteriores continuassem ruins. Gandhi, apesar de hinduísta, diz ter adotado a doutrina de Jesus pregada no seu Sermão do Monte.

Até o momento, julgo que Erich Fromm fez a melhor análise comparativa entre esses três personagens, especialmente por meio dos seus livros: 1) Meu Encontro com Marx e Freud; 2) O Dogma de Cristo e 3)Psicanálise e Religião.

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