quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A intenção oculta

Todos os discursos podem ser bonitos, pois são planejados para atingir o público de acordo com suas necessidades. Eventualmente, a intenção é manifestada no discurso, mas é muito comum que ela seja oculta.

O estrategista da guerra, por exemplo, não pode tornar clara a sua estratégia. Antes, ele procura induzir no opositor a impressão de que a descobriu e, assim, força-o a desperdiçar seus esforços sem o saber. Ocultar a estratégia é fundamental para se tentar ganhar a guerra, se possível, somente na manobra.

Na política, Maquiavel deu o tom. Ele disse que o político deveria parecer religioso, mas agir como ateu. Deveria manifestar apreço à paz, mas preparar-se para a guerra. Deveria fazer o mal de uma só vez, e o bem aos poucos. A intenção verdadeira só ele mesmo deveria conhecer. Infelizmente, aprovemos ou não, essa estratégia é largamente usada hoje em dia.

Entretanto, quando se pressupõe parceria, e não competição, a intenção não pode ser oculta. Há necessidade de que se acredite na intenção, e que dela siga a prática equivalente. Daí a necessidade de que haja um histórico de confiança entre os parceiros. A curto prazo, toda boa intenção deve ser aceita com reserva, mas com um crédito de confiança; pois, a confiança, antes de tudo, é o pressuposto máximo da sociedade aberta.

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