terça-feira, 12 de janeiro de 2010

As religiões do homem

Erich Fromm afirmou que todo ser humano tem necessidade de ligar-se a um sistema de orientação e devoção. Isto é, todo homem é religioso, em sentido amplo. Resta saber a que tipo de religião ele está ligado.

Há os que se ligam à religião verdadeira que, segundo Tiago, consiste em socorrer os órfãos e as viúvas nas suas tribulações. Essa foi a situação do samaritano na parábola usada por Cristo para responder quem é o próximo a quem se deve amar.

Mas, há os que estão ligados à religião da política, da filosofia e da ciência. O político, no sentido original do termo, trata de ajudar a organizar a sociedade para gerar e distribuir riquezas. O filósofo, no sentido original da palavra, vive para descobrir a verdade última por trás das aparências. Na mesma perspectiva, o cientista vive para descobrir a verdade objetiva das leis da natureza.

Entretanto, tanto a religião propriamente dita, quanto as religiões substitutas, podem ser completamente deturpadas. A religião verdadeira pode ser substituída pela religião do dogma e valorizar a hipocrisia. A política, ao invés de organizar a sociedade com eficiência e eficácia, pode ser usada para a usurpação do poder, inclusive manipulando a religião, a filosofia e a ciência para tal. A filosofia pode tornar-se um tipo de religião dogmática sem Deus. A ciência pode tornar-se um reduto de grupos que tiram o seu poder da ignorância alheia, às vezes por meio da linguagem hermética.

Assim, é preciso estar atento. Os homens, por natureza, não conseguem viver sem um sistema de orientação e devoção. Eles podem dividir-se em crentes e ateus e, com ou sem Deus, unir-se para usurpar o poder e usá-lo em benefício próprio. Mas há os que, seguindo a religião verdadeira, tornam o ambiente em torno de si um verdadeiro paraíso, mesmo quando há escassez de recursos materiais.

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